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Para além do gabinete: juíza leva contação de história e musicalização a crianças em acolhimento

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Repórter: Pamela Lemos

Transformar temas jurídicos em histórias e poesias ao alcance da compreensão de crianças e adolescentes é um caminho de humanização do Judiciário e fortalecimento de vínculos com a comunidade. É esse o trabalho que a juíza Larissa Affonso Mayer vem desenvolvendo na Comarca de São Benedito, Serra da Ibiapaba, com o projeto “Contando a Justiça”.

“Estou à disposição sobre um aspecto preventivo, mas sempre atenta às demandas judiciais da Comarca, e convido agentes de proteção a abrirem um canal comigo, para que eu consiga tratar de temas que às vezes são complexos, como prevenção ao abuso infantil, de uma maneira mais fluida. E a linguagem através da literatura e da poesia é muito rica porque é simbólica, uma forma de passar a mensagem e criar confiança”, explica a titular da 2ª Vara de São Benedito, responsável por processos cíveis e da infância e juventude.

Na semana passada, a magistrada visitou o Abrigo de Acolhimento São Francisco de Assis para falar sobre adoção. “Muito rica a experiência de trabalhar um sistema de Justiça que ultrapassa o gabinete, que não se limita a proferir sentenças e ser meramente formalista”. Os instrumentos musicais tornam a atividade ainda mais envolvente. “Também utilizo muito a musicalização durante a contação, então costumo levar o ukulele e a kalimba, e faço a transição para que cada criança conte um pouco de sua história”.

Segundo Natália Vieira Monteiro, coordenadora da instituição de acolhimento, o momento foi riquíssimo para o aprendizado de forma lúdica. “Puderam se comunicar, expressar sentimentos e expor ideias sobre o tema apresentado. Percebeu-se ainda que a contação de história estimulou a concentração e atenção dos pequenos por meio dos personagens e a musicalização com os instrumentos trazidos pela juíza, aguçando curiosidades, proporcionando criação de vínculos. As crianças adoraram o momento, já perguntando inclusive quando ela voltaria”.

A coordenadora acrescenta que a aproximação da magistrada com a unidade é “de suma importância pois, além de propiciar às crianças momentos de aprendizado, aproxima a Justiça da realidade vivenciada pelas crianças e adolescentes no acolhimento, buscando celeridade processual nos casos, garantindo, assim, o direito de crianças e adolescentes acolhidos nessa luta pela construção de uma Justiça mais sensível e acessível”.

A inspiração para o projeto veio da formação de Larissa Mayer em Contação de Histórias pela Biblioteca Municipal Murilo Mendes, de Juiz de Fora, em Minas Gerais, sua terra natal. A magistrada fez o curso após concluir a graduação em Direito.

Em fevereiro deste ano, aprovada em concurso do Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE), iniciou os trabalhos como juíza substituta da Comarca de Bela Cruz. Durante os meses em que atuou na cidade também proferiu palestras voltadas ao público infantojuvenil em situação de vulnerabilidade e implantou o Depoimento Especial, voltado à escuta humanizada de crianças e adolescentes vítimas ou testemunhas de violência.

Entre os temas abordados pela magistrada estão: ECA: crianças e adolescentes como sujeitos de direitos; Adoção e apadrinhamento de crianças e adolescentes; Prevenção do abuso infantil; Lei Maria da Penha: combate à violência doméstica; Lei anti-bullying e redes sociais; Drogas e questões criminais na infância e juventude; Mediação e conciliação: prevenção e solução consensual de conflitos.

As instituições interessadas em receber as atividades de contação de histórias e palestras podem entrar em contato com a 2ª Vara de São Benedito para realizar o agendamento.

SERVIÇO
2ª Vara de São Benedito
Endereço: Rua Dr. Francisco Rubens Brandão. Bairro Corrente
E-mail: saobenedito.2civel@tjce.jus.br

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