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Projeto inédito do TJCE batiza desembargadores com sinal de Libras e amplia acesso à Justiça para comunidade surda

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Para celebrar o aniversário de um ano da contratação do serviço de intérpretes da Língua Brasileira de Sinais (Libras) para atuarem em atividades como sessões de julgamento, eventos oficiais e no atendimento ao público do Fórum Clóvis Beviláqua (FCB), o Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) lançou, nesta quinta-feira (19/10), o projeto “Nós da Justiça em Libras”, que cria um sinal para cada um dos 53 desembargadores do Judiciário.

Durante o lançamento na sessão do Pleno, o presidente do TJCE, desembargador Abelardo Benevides Moraes, destacou que os intérpretes de Libras se dedicam diariamente à promoção da acessibilidade e inclusão para a comunidade surda, propiciando a ampliação do acesso à Justiça e à cidadania.

O “Nós da Justiça em Libras”, uma ação inédita entre os Tribunais brasileiros, é uma iniciativa pensada pelos próprios intérpretes e liderada pela Assessoria de Comunicação do TJCE. Para o presidente, os novos sinais devem facilitar quando futuramente os intérpretes precisarem se referir a um desembargador ou desembargadora. Atualmente, esses profissionais expressam os nomes completos de cada magistrado letra a letra. O projeto contempla o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável nº 16, definido na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU), que trata sobre Paz, Justiça e Instituições Eficazes.

Os sinais foram atribuídos por colaboradores surdos que atuam nas áreas de digitalização e higienização de processos, bem como no malote do FCB. Estes foram os responsáveis por, através de vídeos das sessões, desenvolverem um sinal de identificação a partir de características de cada desembargador. No Youtube e no Instagram do TJCE, serão publicados vídeos com os sinais para conhecimento público.

O presidente da Corte lembrou que há 26 anos o TJCE celebra convênios objetivando contratação de pessoas surdas para trabalharem no Judiciário, por meio de parceria com a Associação de Pais e Amigos dos Deficientes Auditivos (Apada). Isso demonstra que o Tribunal apoia a realização de ações de inclusão e acredita que a sociedade é a maior beneficiada de maneira geral.

CONHEÇA OS INTÉRPRETES

Jaqueline

 Jaqueline – A intérprete Ana Jaqueline Cavalcante se interessou pelo assunto ainda na infância, quando a mãe começou a fazer um curso na Associação dos Surdos do Ceará. “Quando eu a vi falando sobre o que tinha aprendido, disse que também queria estudar Libras”.

No Ensino Médio, por influência de uma amiga, Jaqueline voltou a ter contato com a Libras e ingressou em um curso profissionalizante de tradutora e intérprete. “Assim, eu desenvolvi minha habilidade e fui aprendendo cada vez mais”, conta. “O projeto é um grande passo que a gente está dando junto à comunidade surda. Na nossa atuação, vimos a necessidade de criar os sinais de cada desembargador para dar mais agilidade ao trabalho”, explica.

                Kalinca

Kalinca – A curiosidade foi o que despertou a vontade de Kalinca Cruz para aprender a se comunicar em Libras. “Quando eu era criança comecei a pensar sobre como seria poder usar sinais para conseguir diálogos enriquecedores e completos”, afirma.

Para ela, pensar em inclusão e acessibilidade é, antes de tudo, um ato de empatia e ser intérprete é sinônimo de proporcionar oportunidades e de ser uma ponte útil e acessível. “É uma imensa felicidade termos o apoio de uma equipe que depositamos a nossa ânsia em expandir essa língua”, ressalta.

Ismael

Ismael – Ismael Teófilo, por sua vez, se encantou pelas Libras através do contato direto com a comunidade surda. “Eles me incentivaram e me ajudaram. Com a formação técnica, pude adquirir as habilidades adicionais para o meu aprimoramento como profissional”.

O intérprete acredita que o “Nós da Justiça em Libras”, além de ser uma ferramenta que promoverá a celeridade das traduções, também é um meio de aproximar o Judiciário cearense da comunidade surda. “Essa é uma parte da nossa sociedade que precisa ter mais acessibilidade e inclusão”.

 

 

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