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Travessias

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06.02.2011 opinião
Dizem que após a tempestade vem a bonança. Na prática, tivemos a oportunidade de passar por uma procela. Ou seja, no recuado ano de 1950, no mês de outubro, como tripulante do navio Ilha Grande da Marinha do Brasil, justamente quando vínhamos de uma viagem com saída do porto de Nova York, Pier 26, já à noite quando íamos passando um pouco distante das costas cubanas, fomos avisados pelo então comandante capitão-de-fraga Lúcio Meira que chegou a ser almirante e até mesmo ministro, de que estávamos passando por uma rebarba de um furacão, por isso toda tripulação se preparasse para o que viesse a acontecer. Eram mais ou menos duas horas da madrugada, nós estávamos de serviço. Daí por que tomamos a iniciativa de acordar a tripulação com a finalidade de preparar as balsas de salvamento. Eram relâmpagos para todos os lados, as ondas cobriam as partes mais baixas do convés.
Quando o sol apareceu tudo já havia passado. Confirmou-se aquilo que sempre é dito, após a tempestade vem a calmaria. Guardada as devidas proporções. A travessia de dois anos pelo qual passou o Tribunal foi mais ou menos igual ao que aconteceu naquela noite de tormenta. Surgiram reformas dos prédios e da legislação, criação de cargos e do estatuto dos seus servidores e implantação de uniformização. Logo, veio a pior das greves, isto é, aquele em que os servidores “batem” o ponto e cruzam os braços, no final do expediente, sem nada terem feito, retiram-se. As dos prédios do Tribunal e do Fórum, causaram estagnação, inclusive a informatização. Após a passagem desta barrasca, assumiu a presidência da mesma Corte de Justiça o desembargador José Arísio Lopes da Costa, homem simples e honrado, daqueles que não se empolga com o poder. E se não bastasse, tem como vice-presidente o desembargador Luiz Gerardo da Ponte Brígido de igual quilate, bastante versado na arte de julgar e de dirigir serviços públicos. Veja-se o que fez no TRE. É o tempo experimentador de pessoas, sempre as coloca em cargos relevantes, mas também as retiram. Alguns perdem o poder, mas continuam bem conceituados. Outros não, caem no esquecimento.
Edgar Carlos Amorim – escritor