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Relaxamento da fiscalização permitiu ocupação

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23.07.2010 cidade
Prefeitura de Fortaleza promete transferir, em breve, os ambulantes. Eles garantem resistir e permanecer na área
O presidente da Associação Profissional do Comércio de Vendedores Ambulantes e Trabalhadores Autônomos do Estado do Ceará (Aprovace), Antônio Amaro da Silva, argumenta que os ocupantes da 24 de Maio ficavam circulando pelo Centro da cidade ou em horários onde não há fiscalização _ antes das 6 horas, do meio-dia às 14 horas, e após as 17h30. Com o relaxamento dos fiscais da Prefeitura de Fortaleza, o que era provisório se tornou fixo.
Sobre o chamado “esqueleto”, para onde foi parte dos ocupantes do antigo Beco da Poeira – o outro grupo se transferiu para a antiga fábrica Thomaz Pompeu – Amaro frisa que os ambulantes aguardam uma posição final da Justiça.
Enquanto isso, o comércio do “esqueleto” funciona de vento em popa. Parte do piso já foi feito, assim como a iluminação. “Fizemos o piso pois quase todo mundo adoeceu em con-sequência da poeira que levantava. Temos ciência de que estamos sub-judice, até a decisão final da Justiça. Porém, o Ministério Público já nos deu parecer favorável. Estamos dispostos a negociar com o Estado. Aqui cabe perfeitamente os trabalhadores no térreo e primeiro piso. Um segundo pavimento poderia ser erguido para comportar o restaurante popular e a Casa do Cidadão que o Governo do Estado pretende construir”, diz o presidente da Aprovace.
A assessoria da Secretaria Regional do Centro reconhece que o número de fiscais é insuficiente para dar conta de tantos problemas relacionados ao comércio informal.
No entanto, assegura que os ambulantes da Rua 24 de Maio, no trecho compreendido entre as ruas Liberato Barroso e Guilherme Rocha, e da Rua Guilherme Rocha, entre a General Sampaio e a 24 de Maio, serão transferidos, em breve. A assessoria de imprensa garantiu, ainda, que o pessoal da Praça da Lagoinha será transferido para os prédios que estão sendo preparados para esse fim.
Sobrevivência
Os vendedores ambulantes que ocuparam áreas do Centro da cidade dizem que estão buscando a sobrevivência e meio de vida para suas famílias. Muitos reclamam da falta de compreensão das autoridades.
Dona Maria Eunice Luciano Pereira, 71 anos, conta que a vida de ambulante não é fácil. “No dia 25 de março de 2007, um guarda do ´rapa´ tentou me expulsar à força. Quebrei a minha muleta na cabeça dele. Foi uma confusão geral. Apareceu policial de tudo quanto é lado”, relata, prometendo continuar a trabalhar na informalidade. “Enquanto Deus me der saúde, ficarei aqui, pois já perdi a esperança de conseguir uma vaga em algum canto”.
Pensamento semelhante tem Márcio Fontes, de 35 anos, dez dos quais como ambulante. “Não vou deixar de vender minha mercadoria”.
ENQUETE
Vendedores querem continuar trabalhando na área central enquete
Maria Eunice Pereira, 71 anos
Vendedora ambulante
Trabalhar no meio da rua é a única alternativa de quem não tem emprego. Não fazemos isso por que queremos
Francisco Barros Fernandes, 65 anos
Vend. ambulante
Passei 19 anos no Beco da Poeira. Saí de lá sem nada, pois não recebi indenização. Só me resta ficar no “esqueleto”
Antônio Amaro da Silva, 55 anos
Pres. Aprovace
Estamos dispostos a negociar com o Estado para permanecermos no “esqueleto”, que já tem estrutura