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Operação] Delegado é preso com carro clonado

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03.12.2010 Polícia
Foram presos na operação um delegado, dois inspetores e um ex-policial militar. Proprietários de veículos clonados teriam sido extorquidos
O delegado Levi Gonçalves Leal foi exonerado da função de titular da Delegacia Regional de Juazeiro do Norte após ter sido preso na Operação Terremoto, deflagrada ontem pela Corregedoria Geral dos Órgãos de Segurança Pública, com apoio da Polícia Federal. Ele está sendo acusado de se apropriar indevidamente de um carro clonado.
O Honda Fit apreendido pela Polícia deveria ter ficado no pátio da delegacia, mas foi encontrado ontem na casa do delegado.
?No dia anterior, a própria esposa dele fez uso do carro para sair?, afirma o secretário da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), Roberto Monteiro. Levi Gonçalves foi preso em flagrante, mas passou poucas horas detido. No início da noite de ontem, a Justiça concedeu um habeas corpus e ele foi libertado.
Embora tenha sido preso durante a Operação Terremoto, o delegado não era o alvo principal. Os policiais foram ontem até Juazeiro do Norte para cumprir mandados de prisão preventiva contra dois inspetores, um PM e um ex-policial militar que respondem a processo por extorsão, sequestro e tortura.
?Nós sabíamos que o delegado usava o carro (clonado), mas a gente precisava do flagrante. Por sorte, conseguimos prendê-lo?, comenta o secretário. O possível envolvimento do ex-titular da Delegacia Regional de Juazeiro do Norte com os crimes atribuídos aos outros policiais ainda está sendo investigado.
Os dois inspetores e o policial militar foram alvo de um inquérito instaurado há três meses. As investigações apontam que eles teriam extorquido pelo menos 10 pessoas. As vítimas eram proprietários de carros clonados. ?Os policiais identificavam veículos nessas condições e, em vez de levar o carro para a delegacia, extorquiam a pessoa que estava de posse do veículo?, explica Roberto Monteiro. Algumas das vítimas teriam sido torturadas e sequestradas para garantir que o valor acertado fosse pago.
Segundo o secretário, as vítimas haviam comprado o carro sem saber que era clonado. Com medo de serem presas, acabavam pagando o valor exigido pelos policiais. Segundo ele, o grupo agia há cerca de um ano.
Foram presos ainda os inspetores Anderson Soares Pimenta e Francisco Márcio Correia Cruz e também o ex-PM José Erasmo Gomes de Morais. Apenas um dos mandados de prisão não foi cumprido: o do cabo da Polícia Militar Ricardo Burgos. Ele está foragido.
Os três policiais foram afastados de suas funções em outubro. O caso também está sendo apurado por meio de um Procedimento Administrativo Disciplinar, que foi instaurado pela Secretaria da Segurança no início de setembro.
E agora
ENTENDA A NOTÍCIA
A partir dos documentos apreendidos na Operação Terremoto, a Secretaria da Segurança vai investigar se há o envolvimento de outros policiais nos casos de extorsão em Juazeiro do Norte. O secretário acredita que sim.
SAIBA MAIS
Quando a Polícia descobre um carro clonado, o procedimento correto é encaminhá-lo para a delegacia. O veículo é periciado e passa a fazer parte do inquérito.
Se o proprietário do carro não é encontrado, o veículo vai para o depósito da Polícia Civil e pode ser leiloado futuramente.
O delegado Levi Gonçalves deve responder pelos crimes de peculato (subtração ou desvio de um bem para benefício próprio ou de outra pessoa, cometidos por um funcionário público) e receptação (adquirir, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime). As penas variam de um a 12 anos de prisão.
Segundo Roberto Monteiro, o delegado estava ?há uns 15 dias? usando o carro clonado.
Tiago Braga
tiagobraga@opovo.com.br