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Advogado Francisco Silveira Lopes escreve sobre Clovis Beviláqua

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21.11.09
O advogado e escritor cearense Francisco Silveira Lopes, pub lica, na edição de hoje, 21, do jornal O Povo, artigo sobre Clóvis Beviláqua. Leia, abaixo, o artigo na íntegra:
O Cearense Clovis Beviláqua
Os antigos gregos homenageavam seus heróis com estátuas de bronze e até mesmo com templos construídos com materiais que resistissem aos séculos e aos milênios, assim intentando revestir aqueles valorosos, sábios, filósofos, guerreiros, administradores & todos homens íntegros e de moralidade impoluta & com características de eternidade.
Nós também prestamos reverência aos nossos ilustres antecessores. Exaltamo-los menos com sua perpetuação material e mais com a lembrança de seus dons espirituais. Reverenciamo-los com a memória de seus feitos, com a divulgação de suas virtudes e de seus escritos e com o pensamento em sua vida devotada ao bem da humanidade.
Homenageamos os cientistas por suas descobertas medicinais que prolongam a existência humana; homenageamos os administradores pelas inovações que arquitetaram tornando a vida mais cômoda, mais pacífica, e mais produtiva; homenageamos dentre outros não menos dignos, os juristas e legisladores que sistematizaram e sublimaram as regras de comportamento social e que tudo fizeram para que desapareça o “homo homini lupus“ e surja, em todo o seu esplendor, o “homo homini ângelus“.
É deste caráter a veneração que ora prestamos, no transcurso de seu sesquicentenário de nascimento, a Clóvis Beviláqua, unanimemente considerado o maior jurista da América Latina no seu tempo. É uma homenagem simples do povo simples e esquecido do Ceará. Por isso mesmo, muito bem adequada, porquanto Clóvis, inobstante a fama indelével que conquistou, sempre foi um homem simples e modesto que preferiu viver encerrado no sagrado recesso de seu lar e de seu gabinete, pesquisando e aprofundado estudos.
Nascido a quatro de outubro de 1859 em Viçosa, pequenina cidade cearense, “àquela época lugarejo pobre cujo povo era feliz e pacato“ como Clóvis escreveu mais tarde , descendia do Padre José Beviláqua e de D. Martiniana Aires de Jesus. Era neto paterno do italiano Ângelo Beviláqua e de D. Luíza Gaspar de Oliveira (esta nascida em Maranguape), tendo provavelmente herdado do referido avô certa inclinação para a literatura e, maior ainda, para a ciência do direito, tão natural no povo romano em cujas veias, desde a antiguidade clássica, circula e pulsa o amor às normas de comportamento social e devotamento tão acalorado e flamejante, como testificamos ao ler os apoteóticos e eloquentes discursos de Marco Túlio Cícero.
Mal iniciara Clóvis seus estudos, seu pai percebeu-lhe a precocidade de gênio & e também porque era adversário político do único mestre & escola de Viçosa (o professor Marcelino) & logo o encaminhou a Sobral, centro educacional já desenvolvido àquela época, onde conclui o primário sob o magistério do Professor Arruda, que também foi preceptor de Dom José Tupinambá da Frota, o venerado bispo de tantas realizações e de quem nos privamos precisamente há cinquenta anos.
FRANCISCO SILVEIRA SOUZA Advogado e escritor