Um caminho de encontro: tecnologia une famílias por meio do Cadastro Nacional de Adoção
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- 10-10-2025
Adotar é abrir portas para novos começos. É estender um fio invisível que conecta trajetórias distintas e as entrelaça em um mesmo destino. Para tornar esse encontro possível, o Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento (SNA) atua como uma verdadeira ponte: de um lado, os pretendentes à adoção; de outro, crianças e adolescentes que aguardam uma família. No centro desse processo está o Poder Judiciário, responsável por assegurar que cada etapa ocorra com segurança, responsabilidade e profundo significado humano.
Foi exatamente esse caminho que Rafael Silva de Souza e Filipe Estevam Gonçalves escolheram trilhar. “A gente decidiu investir o dinheiro, que seria para uma barriga solidária, no futuro de uma criança. Percebemos que, mais do que gerar, nosso sonho era educar, cuidar e amar”, contam.
Eles revelam que, no início, pensaram na inseminação artificial. Mas, diante das dificuldades e do alto custo, entenderam que a adoção não era um “plano B”, mas o verdadeiro projeto de vida. Habilitados no SNA desde agosto, descrevem a experiência como uma gestação invisível, feita de espera e esperança.
O primeiro contato com a Justiça os surpreendeu positivamente. Rafael recorda que foram ao Fórum antes mesmo da inscrição digital. Lá, foram recebidos pela psicóloga e, em seguida, pela assistente social e a equipe técnica. “Sempre fomos tratados com acolhimento, respeito e humanidade. A cada passo, sentimos que não estávamos sozinhos”, relata. Esse apoio, segundo Rafael, faz toda diferença no processo.
Mas como dar início a essa caminhada? O primeiro passo é o acesso ao portal Gov.br, a principal porta de entrada para os serviços públicos digitais. É por meio dele que se dá início ao processo de habilitação. Para ingressar, é necessário criar uma conta com nível de segurança Prata ou Ouro, mediante o fornecimento de dados pessoais e a verificação da identidade do usuário.
Lá dentro, a inscrição se torna quase como contar uma história: a(o) pretendente preenche seus dados pessoais, descreve o perfil da criança ou adolescente que deseja adotar e informa detalhes que vão ajudar na formação desse elo. Ao final, o sistema gera um protocolo, um número que não é apenas burocracia, mas um símbolo de esperança: a prova de que uma nova jornada começou.
Feito isso, é hora de seguir em direção a uma das unidades do Tribunal de Justiça do Ceará, onde a trilha da adoção ganha forma. Em Fortaleza, a(o) interessado deve procurar a Seção de Cadastro de Adotantes e Adotandos, localizada no Fórum Clóvis Beviláqua. É possível ainda encaminhar o PDF da pré-inscrição no SNA e fazer agendamento pelo e-mail cadastro.adocao@tjce.jus.br ou pelos telefones (85) 3108-2298/2299. Para não residentes na Capital, é preciso buscar os contatos da Vara responsável mais próxima AQUI.
Foi assim com Rafael e Filipe. Hoje já habilitados, eles falam sobre o significado da espera. Não escondem a ansiedade — que chamam de “gestação sem prazo” —, mas também enxergam a importância do cuidado em cada fase.
E esse tempo certo pode estar próximo. O casal revelou ter amadurecido a decisão de acolher uma adolescente de 13 anos. A escolha surgiu a partir das reflexões feitas durante o curso preparatório, quando ouviram relatos sobre jovens que, muitas vezes, permanecem invisíveis na fila da adoção. “No começo, tínhamos receio em relação à idade. Mas entendemos que todos merecem oportunidade, especialmente adolescentes que já carregam tantas marcas. Queremos ser família para quem precisa de pertencimento”, afirmam.
E por que estar na lista do SNA é tão importante? Porque essa presença não é apenas um registro frio em um banco de dados: é a chance real de ser encontrada(o) por uma criança ou adolescente que precisa de um lar. Funciona como um grande coração digital, aproximando vidas que se encaixam. Em vez de o pretendente percorrer caminhos longos e incertos em busca ativa, é o próprio SNA que faz esse encontro acontecer, cruzando informações e indicando compatibilidades.
Essa visão é reforçada pela titular da 3ª Vara da Infância e Juventude de Fortaleza, juíza Alda Holanda. Para ela, o SNA é um instrumento que mudou a história da adoção no Brasil. “Quando o cadastro não era obrigatório, apenas bebês eram adotados. Hoje, o sistema amplia as chances de que crianças e adolescentes de diferentes perfis encontrem uma família”, destaca. Ela reforça que o cadastro nacional é um marco para assegurar que todas as crianças e adolescentes aptas(os) tenham, realmente, possibilidades de serem adotadas(os), garantindo a legalidade do processo.
Para Rafael e Filipe, a habilitação representa um marco significativo. Mais do que um passo formal, é a confirmação de que família não se limita a vínculos biológicos, mas se constrói na escolha cotidiana de amar, cuidar e educar. “O desafio de ser pai é transformar vidas. Queremos transmitir valores, oferecer perspectivas de futuro e, acima de tudo, ser presença. Ser família é assumir a responsabilidade pela felicidade de alguém”, disse Filipe.
Para mais informações, acesse AQUI a Cartilha da Adoção do Conselho Nacional de Justiça.








