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Um ano de dor e de saudade

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8.01.2011 Fortaleza
Hoje faz um ano que o corpo da menina Alanis, de 5 anos, foi encontrado. Julgamento ocorreu em agosto, mas a dor da família permanece
Há dores sem nome que o tempo se esquece de curar. Não há abraço, consolo ou apego que conforte a lembrança do que ainda é forte e próximo. ?Não aliviou nada?, é o resumo do que consegue dizer Ana Patrícia Pontes Laurindo, mãe de Alanis Maria Laurindo de Oliveira, de 5 anos, sobre a morte da filha. Há um ano, o corpo da menina era encontrado em um matagal no bairro Antônio Bezerra.
Quem acompanhou o caso se chocou com o desaparecimento de Alanis durante uma missa no Conjunto Ceará e a com brutalidade de Antônio Carlos dos Santos Xavier, o Casim, que estuprou e matou a menina.
Nas primeiras buscas pela criança, ainda no Conjunto Ceará, no velório, missa de sétimo dia e no dia do julgamento de Casim, o sorriso fácil da pequena era lembrado em cartazes e em depoimentos de quem conviveu com ela.
Entre o sumiço de Alanis, atraída por doces e pipocas, e o julgamento de Antônio Carlos dos Santos, em agosto, a morte também foi marcada pela descoberta de que ele era foragido da Justiça, condenado pelo crime de atentado violento ao pudor. ?Ele está lá preso, mas isso não traz nossa filha de volta?, indigna-se Patrícia.
Casim foi levado a júri popular e condenado a 31 anos e oito meses de prisão por homicídio triplamente qualificado. As qualificações foram: motivo torpe, por ter praticado o crime para ?satisfazer a sua lascívia?; meio cruel, pela morte ter sido por asfixia; e dissimulação, pelo pretexto usado para atrair Alanis.
Lembrança
Ontem, uma missa na Igreja de Nossa Senhora da Conceição, no Conjunto Ceará, marcou um ano de morte da menina.
A mãe de Alanis conta que a data a deixou ?arrasada? e trouxe lembranças. ?Lembro tantas coisas… Mas tudo o que aconteceu. Ele (Casim) tirou o que a gente tinha. Não aliviou nada. Pra mim não aliviou nada?, esforça-se em dizer Patrícia.
Segundo ela, ainda há muita revolta entre os familiares, que ?voltaram a trabalhar porque tem que viver?, assinala. O consolo, continua Patrícia, a família busca em Deus. ?Eu não sei o que é. Deus dá uma força pra gente. Não sei de onde vem. Parece que tema uma mão que levanta a gente?, descreve a mãe.
O quê
ENTENDA A NOTÍCIA
O aparecimento do corpo de Alanis em um matagal no Antônio Bezerra, há um ano, dava início à via-crucis da família por justiça para o caso. Apesar do julgamento do crime, o sentimento de revolta ainda permanece na família
SAIBA MAIS
Em entrevista ao O POVO no dia 12 de janeiro do ano passado, Ana Patrícia, mãe de Alanis, lembrou momentos da convivência com a filha. ?Ela era muito inquieta. Vivia correndo pela casa e subindo no sofá?, disse à época.
A família também contou que Alanis gostava de brincar de boneca e de escolinha, com lápis e papel. Em 2010, a garota iria cursar o Infantil V (antigo Jardim II).
Em outro momento da entrevista, a mãe de Alanis disse: ?Tenho certeza de que Deus mandou minha filha como um anjo pra mim. Ela me mostrou o caminho do bem. Veio com o propósito de juntar a minha família e a do meu esposo?
Thiago Mendes
thiagomendes@opovo.com.br