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Pacientes são tratados com descaso em hospital de Aracati

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07.12.2010 opinião
É preciso identificar esses casos e punir os responsáveis por tal descalabro
Espanto e indignação tomam conta da opinião pública cearense diante da situação de descalabro em que se encontra o Hospital Municipal Dr. Eduardo Dias, em Aracati, que atende também pacientes de Beberibe, Fortim, Itaiçaba e Icapuí. Um dos problemas mais graves é o acúmulo de material extraído dos corpos de pacientes para biópsias não realizadas, a ponto de as amostras apodrecerem nos recipientes e as pessoas nunca receberem o diagnóstico sobre a doença que portam.
O quadro de degradação levou o promotor da comarca, Alexandre de Oliveira Alcântara, a promover, junto com outros dois colegas do Ministério Público, uma Ação Civil Pública, na última quarta-feira, 1º de dezembro, denunciando a situação. Pelo menos, 735 biópsias deixaram de ser feitas desde 2004. Destas, 151 peças (vesículas, apêndices, alças intestinais, ovários, úteros, fragmentos de colo uterino e pele) apodreceram, dentro de vidros em que o formol já havia evaporado devido ao tempo de espera por biópsias. Juntam-se a outros exames que nunca foram enviadas para os laboratórios respectivos.
A constatação é a de existência de um crime grave contra pessoas humanas que, à falta dos diagnósticos, deixam de tratar processos patológicos cuja progressão pode levar à morte. Quantos pacientes não terão sido prejudicados por causa disso? Ora, é preciso identificar esses casos e punir os responsáveis por tal descalabro. Afinal de contas se trata da vida humana, o bem mais precioso que é da obrigação do Estado proteger. É inimaginável que as coisas cheguem a esse ponto, sem que tenha havido nenhuma iniciativa dos responsáveis para resolver a questão ou denunciar os que opunham obstáculos à sua solução.
O Ministério Público cumpre, neste caso, a missão constitucional de que está revestido para a defesa do cidadão perante a desídia do Estado. Diante do ocorrido, cria-se a necessidade imperativa para as autoridades públicas de não apenas sanarem esse caso, o mais rápido possível, apurando todos os fatores implicados, mas, requer-se uma checagem muito mais ampla, em todos os municípios onde existam unidades médicas desse tipo, para verificar se estão cumprindo as normas relativas à realização de exames médicos laboratoriais, sobretudo, biopsias.