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Os direitos humanos e a Copa do Mundo

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17.05.11
Opinião
Thiago de Holanda – Sociólogo e consultor de projetos do Observatório da Criança e do Adolescente ? Instituto OCA
Em 2014, o Brasil se prepara para sediar um dos maiores eventos esportivos de massa: a Copa do Mundo de Futebol. Todos os olhares estão voltados para o País. Não serão poucos os investimentos públicos, sobretudo em infraestrutura, para garantir esta grande festa, tão esperada pelo povo brasileiro.
Mas, dentro desse contexto, não podemos perder o foco nas ações de garantia dos direitos humanos, pois será um momento de investimentos, e a infância e outros segmentos vulneráveis da nossa sociedade, mais do que nunca, deverão entrar nessa agenda de forma prioritária.
Enfrentar a violência sexual será um exemplo disso, pois se a crença da garantia dos direitos sexuais de crianças e adolescentes não estiver disseminada nos princípios do desenvolvimento do turismo ou da construção de uma simples obra de infraestrutura poderemos ter impactos locais imediatos no aumento da exploração sexual.
O fenômeno da violência sexual se manifesta sobretudo de duas maneiras: pelo abuso sexual, que envolve a utilização do corpo de uma criança por um adulto ou jovem para fins sexuais e pode ocorrer tanto no âmbito familiar como fora dele; e pela exploração sexual, que envolve redes criminosas que lucram com a mercantilização dos corpos infanto juvenis, com braços e variações no tráfico de pessoas, no turismo sexual e na pornografia virtual.
Como percebemos, é um fenômeno que precisa de ações profundas e densas, tanto do Estado como da sociedade civil, para que cheguem nos seus alicerces, adentrem nos seus territórios e toquem a mente e o coração de cada criança e adolescente que tenham sua sexualidade violentada, dando-lhes oportunidades
de recomeçar.
Temos três anos, até a Copa de 2014, para nos prepararmos contra esse problema. O Observatório da Criança e do Adolescente – Instituto OCA, com apoio da Secretaria dos Direitos Humanos da Presidência da República, está realizando um mapeamento em 12 capitais brasileiras, dentre elas algumas subsedes do torneio.
Nosso objetivo é conhecer o perfil dos gestores e das políticas públicas de atendimento a vítimas de violência sexual, identificando as ações exitosas. Nossa perspectiva é lançar luzes sobre as políticas que realmente impactam de forma positiva a realidades de meninas e meninos que estão nos circuitos da violência sexual.
Acreditamos que é importante, no decorrer desse processo, comprometermos os gestores públicos para que sejam executores de boas práticas concatenadas com as diretrizes das políticas que promovam os direitos humanos.
Devemos olhar para todas as dimensões das políticas públicas e estruturar uma rede sólida e efetiva de enfrentamento à violência sexual, presente nas comunidades, nas casas, nas escolas, nos terminais de ônibus, nas BRs, nas praias e em todos os campos da vida social. Este é um legado positivo que a Copa do Mundo poderá deixar para nossas crianças e adolescentes.
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