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“O TeleTrabalho me trouxe conforto e assim superei meu luto”, reconhece servidora de Araripe

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Aianne Moura, da Comarca de Araripe, encontrou forças na dedicação ao trabalho remoto para lidar com a perda de um ente querido durante pandemia da Covid-19. Veja mais detalhes nessa reportagem da série #MEUTRABALHOEMCASA

Um turbilhão de emoções. Assim pode ser descrita a vida de Aianne da Silva Moura, assistente judiciária da Comarca de Araripe, durante o período de distanciamento social imposto pela pandemia da Covid-19. Enquanto se adaptava à nova rotina em casa com a mãe e a avó, responsáveis pela sua criação, a matriarca da família faleceu, vítima de infarto. Sem contato presencial com parentes, amigos ou colegas de trabalho, ela buscou foças para ressignificar o luto através da dedicação ao trabalho no Judiciário, focada em servir à população. A ajuda de um profissional de psicologia do Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) foi fundamental nessa transição.

Antes da pandemia, Aianne já havia solicitado o TeleTrabalho em dois dias da semana por entender ser possível movimentar despachos e sentenças remotamente. “Araripe ainda tem processos físicos, mas na parte digitalizada já era possível produzir de casa.” A servidora ressalta, entretanto, que a pandemia gerou aflições maiores até para quem já estava habituado com o ambiente de trabalho virtual. “A doença e o distanciamento social trouxeram sentimentos de medo, dor e separação para o mundo. Foi nesse período que começamos a refletir sobre os nossos maiores bens.”

E foi neste momento de insegurança, reflexão e medo que ela perdeu a avó. “Ela era o eixo central da minha vida. Meu coração ficou estraçalhado no meio dessa mudança”. A maior ajuda para a superação do luto não demorou. Ela solicitou teleconsulta com um psicólogo do TJCE e quatro dias após o falecimento da avó, o profissional fez o primeiro contato. “Ele é muito preparado e sua ajuda fez total diferença, na maneira de saber compreender e lidar com a dor da partida. Foi tão importante que passei a fazer consultas particulares”.

RESSIGNIFICAR
Com a orientação profissional, a servidora enxergou novos sentidos para sua vida. “Encontrei no meu trabalho a força para seguir. Saber que posso contribuir com o jurisdicionado, por meio do acesso efetivo à Justiça e não medindo esforços para garantir celeridade e resposta processual, fez com que eu pudesse ressignificar o luto por meio do TeleTrabalho”. Ela conta que hoje segue diariamente as análises individualizadas de cada processo, buscando compreender a angústia do conflito que levou as pessoas a buscarem o Judiciário.

O foco e a dedicação de Aianne terão alcance ainda maior em julho, quando ela passa a assumir a supervisão da Vara Única da Comarca de Araripe, cuja supervisora se ausentará por licença maternidade. “Será uma nova adaptação, por também já estarmos planejando o retorno das atividades presenciais. Mas estou otimista, acho que a transição será bem feita porque acredito na equipe e temos uma boa comunicação. Isso ajuda muito.”

De todas as experiências vivenciadas nos últimos meses, a servidora tira ensinamentos. “Nunca saberemos quando será o adeus de nosso ente querido ou até mesmo a nossa partida. Também como não podemos prever quando um fator natural ou uma pandemia nos fará mudar o jeito de trabalhar, de ver a família e os amigos. Portanto, que possamos dar valor a cada momento partilhado. Se na área da saúde o lema é ‘Cada Vida Importa’, no Judiciário, para nós servidores, cada processo é único, é parte da história de um ser humano que tem na Justiça a esperança da lesão ou ameaça de seu direito ser sanada”.

Leia todas as reportagens da Série “Meu Trabalho em Casa”.