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Irmãs xifópagas podem ser separadas no Ceará, em cirurgia paga pelo governo, a mando da Justiça

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27.01.11
Esperança de vida: as gêmeas Maria Clara e Maria Clarice nasceram em 3 de fevereiro de 2010 e desde então, os pais aguardam a decisão médica para a realização da cirurgia. A família decide hoje sobre a intervenção após avaliação a ser realizada na unidade hospitalar, considerada referência
Diferente de alguns meses atrás, quando a dona-de-casa, Regina Fernandes, 40 anos, mãe das siamesas Clara e Clarice, nascidas há 11 meses, em Santa Quitéria, encontrava-se desacreditada do Hospital Infantil Albert Sabin (HIAS), para o tratamento das filhas, hoje a situação parece ser outra.
Pelo menos é o que declara Regina, “Fomos recebidos pelo diretor do hospital, que nos passou tranquilidade e firmeza, diferente de antes, quando cada um falava uma coisa”. Pelo que parece a reunião realizada ontem, entre a família e o diretor do HIAS, Walter Frota, foi bem positiva.
Segundo o coordenador geral do Instituto Vida, João Mota, a confiança foi resgata. “Com isso, temos o início do cumprimento da decisão judicial, com garantias a família, mas somente depois da avaliação médica de hoje, é que a mãe decidirá pela cirurgia ser feita ou não aqui”, informou.
A assessoria de imprensa do HIAS informou que somente a partir dessa avaliação é que poderão ser dadas as coordenadas no que ser refere ao tratamento.
A equipe médica também será definida a partir daí. A assessoria acrescentou que no caso da operação, são necessárias duas equipes, uma para cada criança.
No total foram efetuadas dois procedimento desse tipo no hospital, ambos com sucesso. Segundo a família das gêmeas, a decisão de procurar a Justiça para a rápida resolução do caso foi devido a atitude de alguns profissionais durante o tempo de tratamento das crianças no HIAS.
Eles não teriam passado certeza para família sobre o correto procedimento a ser feito nas crianças. “Exames eram marcados e algumas vezes não chegavam ser realizados, e com isso os dias passavam, e ninguém dava um diagnóstico.
Uns falavam da cirurgia, outros me desenganavam, entre outras situações. Então resolvi procurar ajuda”, reclamou Regina.
Até que, no último dia 17, o juiz Francisco Eduardo Torquato Scorsafava, da 2ª Vara da Fazenda Pública de Fortaleza, determinou que o estado custeasse todas as despesas referentes ao procedimento médico necessário para a separação dos corpos das duas.
Na decisão, o juiz ressaltou o princípio constitucional da “dignidade da pessoa humana” como um dos motivos para que o Estado do Ceará assuma as referidas despesas”.
O magistrado determinou também, que o Governo do Ceará providenciasse imediatamente o atendimento adequado, com equipe médica especializada, e a realização da cirurgia, se for mesmo o mais indicado, em qualquer hospital da rede pública ou privada, no Brasil ou em outro país.