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Família pede pressa à Justiça

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Cidade 05.02.2011
Com a abertura de inquérito policial, a delegada Ivana Timbó prometeu empenho nas investigações
As investigações do Caso Daniel Alves Prado, garoto dado como morto em 1999 e que pode estar vivo, começaram ontem, em Fortaleza. Familiares da criança prestaram depoimento na Delegacia de Combate à Exploração da Criança e Adolescente (Dececa), iniciando, assim, o inquérito policial. O clima é de mistério, mas a mãe, Maria Laura Alves Prado, vinda de Itatira, pede mais pressa à Justiça.
“Essa história tem que ter um fim logo. Se por acaso meu filho estiver mesmo vivo vou comemorar muito, mas se tiver sido apenas uma falsificação do documento dele, queremos que os culpados paguem pelo erro”, afirmou Maria Laura com o olhar triste e as mãos tremulas. Ela contou que minutos antes do depoimento, tomou tranquilizantes para, segundo disse, aguentar tamanha ansiedade.
Ainda sem conhecimento total dos fatos, a delegada Ivana Timbó, da Dececa, preferiu se abster de qualquer julgamento, afirmando que o caso permanecerá em Fortaleza, não sendo necessária a transferência para São Paulo, local em que Daniel poderia estar morando. “Vou me empenhar ao máximo, não tenha dúvida”, prometeu.
Além da mãe do garoto, prestaram depoimentos, o pai da criança, Francisco Evaldo Silva Prado, e o tio, Vanderi Alves. Após o depoimento, a mãe desabafou: “tenho esperança que meu filho possa estar vivo, mas meu coração de mãe está muito confuso; tem horas que quero acreditar, mas nem sempre consigo. Para que toda essa maldade com a gente que já sofreu tanto com a morte de Daniel?”, questiona Maria Laura.
“Estamos todos muito cansados, a viagem para a Capital foi longa, foram mais de 200 quilômetros de distância. Está sendo muito difícil. A gente não dorme, não come mais direito, tamanha é a agonia”, lamenta o pai do menino.
O depoimento que estava marcado para às 8 h de ontem só foi acontecer no fim da tarde; familiares de Daniel, já na entrada de Fortaleza, afirmaram ter se perdido, daí o atraso para o início do inquérito.
Provas
Na lista de provas, Vanderi Alves apresentou três documentos que, segundo ele, comprovariam uma provável rasura “grotesca” na certidão de nascimento. Para o tio, a fraude aconteceu em Lagoa do Mato, no município de Itatira.
Alves avisou que a certidão de nascimento original, a xerox da certidão de nascimento original antes da rasura e a 2ª via da certidão foram solicitadas por uma pessoa chamada Cristina, residente no interior de São Paulo. Para a família, ela é a provável namorada do caminhoneiro Ivan Prado que teria levado a criança para São Paulo.
Ele informa ainda que a fraude foi feita de caneta: foi escrito o número “948” em cima do número anterior “1046”. Alves denuncia, ainda, que a certidão original estaria rasgada no local onde haveria um carimbo da pessoa responsável pelo cartório. “Era como se alguém quisesse ocultar que essa 2ª via da certidão foi feita com o número novo e não com o da original. A polícia tem que ir no endereço da Cristina, lá em Araçoiaba da Serra (SP), dar um aperto nela e resolver logo isso tudo”, cobrou, ansioso, Vanderi Alves.
Todos esses fatos se desenrolaram quando Cristina, possível namorada de Ivan, pediu, por telefone, ao cartório de Lagoa do Mato, uma 2ª via da certidão de nascimento do garoto, a fim de matricular o jovem, então com 15 anos, em uma escola no interior de São Paulo. O corpo de Daniel, conforme o prontuário médico do Instituto Doutor José Frota (IJF), deu entrada no dia 29 de setembro, falecendo, segundo o IJF, no dia 8 de outubro de 1999.
IVNA GIRÃO
REPÓRTER