Conteúdo da Notícia

Justiça pelo Clima: os caminhos do TJCE para a construção de um Judiciário neutro em carbono

Ouvir: Justiça pelo Clima: os caminhos do TJCE para a construção de um Judiciário neutro em carbono

Abre da matéria, com arte em tons de verde e texto em branco

 

Arte com nome da repórter que escreveu a matéria

 

Em meio às novas exigências ambientais e aos sinais de mudanças climáticas em todo o mundo, surge a necessidade de revisão das práticas para a vida em sociedade. Adaptando-se, o Judiciário brasileiro vive um momento de engajamento, assumindo papel ativo no enfrentamento da crise ecológica e implementando soluções que combinam responsabilidade e cuidado com o Planeta.

A Resolução nº 594/2024 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que instituiu o Programa Justiça Carbono Zero, orientou tribunais estaduais e conselhos do país a desenvolverem estratégias de descarbonização. Desde então, o TJCE vem reestruturando as ações, comprometido com a promoção de um ecossistema mais equilibrado e uma gestão pública mais responsável. Por meio da Secretaria de Administração e Infraestrutura (Seadi), deu mais um passo a favor da mitigação dos impactos ambientais com a elaboração do primeiro Plano de Descarbonização, em 2025. Aprimorando as ações de sustentabilidade institucional, o plano propõe iniciativas para reduzir, eliminar e compensar as emissões de gases de efeito estufa (GEE) associadas às atividades desenvolvidas pelo Judiciário estadual.

Inserido no projeto estratégico “Infraestrutura Física e Sustentabilidade”, da Gestão 2025-2027 do TJCE, que tem a pauta ambiental entre os eixos fundamentais e prioritários, o Plano determina estratégias voltadas à redução das emissões de carbono, prevendo a sua total neutralização até 2030. As ações envolvem a implementação de práticas sustentáveis em todas as áreas da Corte, reforçando também uma cultura organizacional mais consciente.

Para atingir esses objetivos, o documento reúne ações como a ampliação da geração de energia solar fotovoltaica, expandindo o uso de fontes limpas e acessíveis; a otimização dos sistemas de climatização; o fortalecimento do gerenciamento responsável de resíduos; o uso racional da água e a implementação de processos de compostagem, além de programas de compensação ambiental via mercado de carbono. Também inclui um estudo para a substituição de veículos a combustão por modelos elétricos e híbridos.

 

Arte nas cores de tons de verde com texto em branco

 

Pequenos ajustes no cotidiano institucional também estão entre as frentes de ação capazes de auxiliar na redução dos impactos ambientais. Com relação às emissões indiretas, as atitudes contemplam frentes como o estabelecimento de políticas de uso racional de energia elétrica, a substituição gradual de lâmpadas convencionais por lâmpadas LED (mais de 1.800) nas edificações, o aproveitamento de resíduos, o fortalecimento da digitalização para reduzir o uso de papel, além da aplicação de critérios de sustentabilidade nas construções.

 

MEDIR PARA TRANSFORMAR

 

Para alcançar a neutralidade de carbono (ou seja, fazer com que o saldo final de emissões de gases de efeito estufa seja equivalente a zero), a etapa de compensação é indispensável. Isso porque, mesmo com a adoção de práticas de redução, permanece um volume de emissões que não pode ser totalmente evitado devido às limitações tecnológicas e operacionais atuais. Essas liberações inevitáveis, conhecidas como “emissões residuais”, representam a parcela que precisa ser anulada para que se consiga atingir o equilíbrio entre o que ainda é gerado e o que se consegue compensar.

Na prática, o TJCE está se comprometendo a quantificar e compensar todas as emissões de GEE geradas na realização de alguns eventos. Este ano, foram monitorados dois eventos para compensação de carbono: o 55º Fórum Nacional dos Juizados Especiais (Fonaje) e o IV Congresso do Fórum Nacional do Judiciário para a Saúde (Fonajus), realizados em Fortaleza. 

Essa iniciativa implica adotar o mesmo processo técnico para ambos: medir com precisão o impacto ambiental e neutralizar aquilo que não pôde ser evitado. Chamada de “pegada de carbono”, toda a geração de GEE dos eventos é estimada considerando diferentes fontes. São elas: o deslocamento aéreo e terrestre de palestrantes, participantes e equipes da organização; o consumo de energia elétrica e de combustível para geradores utilizados; o transporte e a logística de materiais; além da geração de resíduos ao longo da programação. 

Para a quantificação dessas emissões, o Tribunal utiliza uma metodologia robusta baseada nos princípios do Programa Brasileiro GHG Protocol, reconhecido internacionalmente na mensuração de emissões de GEE. Após a realização dos cálculos, todos os dados são consolidados, resultando em um inventário expresso em toneladas de dióxido de carbono equivalente (tCO₂e).

Entre as alternativas existentes para a compensação, o TJCE adota a aquisição de créditos de carbono como mecanismo principal. Na prática, isso significa que, ao adquirir créditos na mesma proporção das emissões geradas em eventos monitorados, o Tribunal direciona recursos para projetos ambientais capazes de remover ou evitar a liberação de gases de efeito estufa, zerando a pegada de carbono dos eventos.

 

Infográfico com várias informações, com texto em branco e arte em tons de verde

 

Após esse processo, o TJCE receberá certificado que valida a compensação total de carbono, reafirmando seu compromisso com a sustentabilidade e o cuidado com o meio ambiente.

 

CAMINHOS PARA O FUTURO

 

Visando intensificar as ações de cuidado com o Planeta, o Plano de Descarbonização também propõe agenda responsável para os próximos anos. A ampliação do inventário de emissões para todas as comarcas do TJCE; a implantação de projetos de plantio com foco na recuperação de áreas degradadas; e o aprimoramento da matriz energética com uso de outras fontes de energia renovável, estão entre as práticas programadas. Ao avançar nessa jornada, o Tribunal reafirma que a busca por justiça também passa pela forma como cuidamos do Planeta em que vivemos.

Agenda2030 Promojud