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No Fórum Clóvis Beviláqua, o cuidado começa no primeiro atendimento

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“Quero um papel e uma caneta pra agradecer a quem deu essa sala pra gente ficar.” Foi assim que Diego Matias (nome fictício), de seis anos, expressou gratidão após encontrar abrigo em um espaço de acolhimento do Fórum Clóvis Beviláqua (FCB). Ele acompanhava a mãe, dona Maria, em uma audiência de conciliação. O dia começou com tensão, mas terminou com alívio. “Foi onde ele se sentiu seguro”, contou a mãe, emocionada.

A cena resume o propósito que tem guiado o trabalho no Fórum: tornar cada atendimento mais humano, mais empático e mais próximo da vida real das pessoas. Ali, o acolhimento não é um gesto isolado — é rotina.

O atendimento no Fórum é pensado para que ninguém se sinta perdido. Assim que as pessoas entram no prédio, são recebidas por servidores no setor de informações — uma espécie de “ponto de boas-vindas” do Judiciário. É ali que começa a jornada de quem busca por atendimento.

Com escuta atenta e sensibilidade, os servidores identificam a necessidade de cada pessoa: uma mãe com bebê no colo, um idoso com dificuldade de locomoção, uma criança agitada, alguém que precisa de um momento de silêncio antes de uma audiência. Cada história é acolhida como única.

 

Mulher senta no sofá, segurando um bebê no colo
A sala da amamentação é um espaço adequado às mães, com filhos pequenos, que precisam se dirigir ao Fórum

 

A partir dessa conversa inicial, o público é encaminhado para o serviço mais adequado. Se for o caso de uma mãe em fase de amamentação, por exemplo, ela é orientada a seguir para a Sala de Amamentação — climatizada, com poltronas confortáveis e trocador de fraldas. Caso precise se deslocar com mais comodidade, pode solicitar um carrinho de bebê, emprestado após um breve cadastro.

Pessoas com dificuldade de locomoção recebem apoio imediato: servidores as conduzem em cadeiras de rodas até o setor desejado. Já quem necessita de um ambiente tranquilo, com pouca luz e som suave, encontra refúgio na Sala de Acolhimento, criada especialmente para pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), mas aberta a todos que precisam de um momento de calma.

 

Foto com a imagem de vários carrinhos de bebês enfileirados
Os carrinhos de bêbes ficam logo na entrada principal do Fórum disponíveis para quem precisar

 

UM GESTO QUE FAZ A DIFERENÇA

Os detalhes fazem parte da experiência. No Fórum, o cuidado está nas pequenas coisas: o acolhimento de um servidor que estende a mão, o desenho de uma criança na brinquedoteca, o abafador de ruído entregue a quem tem sensibilidade auditiva, o sorriso que tranquiliza antes de uma audiência.

Tudo é pensado para que a Justiça seja sentida, não apenas vivida. Como explica a diretora do Fórum, juíza Solange Menezes Holanda, cada espaço é fruto de um olhar atento para quem passa por ali. “Queremos que as pessoas que cheguem aqui se sintam bem tratadas e acolhidas. Este é um espaço do povo de Fortaleza”, destaca.

Com cerca de quatro mil pessoas circulando diariamente, o Fórum Clóvis Beviláqua mostra que a Justiça também pode ter colo, silêncio e cor. Pode ter o som de uma risada infantil e o alívio de uma mãe que finalmente se sente cuidada.

 

Imagem que mostra duas cadeiras de rodas
Pessoas com deficiência permanente ou com limitação motora têm à disposição cadeiras de rodas para locomoção

 

Naquele dia, Diego desenhou um sol sobre um prédio grande. No canto, escreveu: “Obrigado por cuidar da gente.” Era mais que um desenho — era a tradução simples e pura de um princípio que guia o trabalho diário no Fórum: fazer Justiça é, antes de tudo, acolher.

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