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Multidão homenageia Alanis

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14.01.2010 Polícia
Centenas de pessoas participaram da missa de Sétimo Dia. Na Polícia, as investigações já estão próximas da conclusão
Uma multidão, calculada em cerca de três mil pessoas, se mobilizou, ontem, para prestar homenagem à menina Alanis Maria Laurindo, 5 anos, raptada, violentada e assassinada, há uma semana, em um terreno baldio no bairro Antônio Bezerra (Zona Oeste da Capital). A missa de Sétimo Dia em sufrágio da alma da garota aconteceu na Igreja Matriz do Conjunto Ceará, exatamente no mesmo local de onde a menina foi levada pelo criminoso.
A concentração de pessoas nas imediações do templo teve início ainda no fim da tarde e, por volta das 19 horas, o local estava tomado pela multidão. A maioria das pessoas vestia roupa branca e muitas levaram flores, cartazes com fotos da menina, além de faixas pedindo paz, fim da violência no Estado. Outras preferiram mostrar indignação e pedir justiça, condenação e até pena de morte para o acusado do crime, o então fugitivo da Justiça, Antônio Carlos dos Santos Xavier, o ´Casim´.
Reconhecimento
No dia seguinte à prisão do acusado, a Polícia continuou o seu trabalho de investigação mesmo após ´Casim´ ter confessado o crime, oferecendo detalhes de como raptou e matou Alanis. Uma nova onda de boatos dominou o prédio da Superintendência da Polícia Civil, no Centro, onde ele está recolhido numa cela isolada do Departamento de Inteligência Policial (DIP).
A transferência do acusado para o Instituto Presídio Professor Olavo Oliveira II (IPPOO II), em Itaitinga (Região Metropolitana de Fortaleza), deverá acontecer ainda hoje. A Polícia vai cumprir a determinação do juiz da Vara das Execuções Criminais, Corregedoria dos Presídios e Habeas Corpus, Luiz Bessa Neto, que, anteontem, expediu um novo mandado de prisão contra o estuprador.
Durante todo o dia, o delegado presidente do inquérito, Lira Ximenes, titular do 12º DP (Conjunto Ceará), permaneceu na sede do DIP, onde ouviu mais testemunhas do caso. O procedimento de reconhecimento do acusado foi feito de forma sigilosa, sem que a Imprensa tivesse acesso a qualquer ato da investigação. O próprio superintendente da Polícia Civil, delegado Luiz Carlos Dantas, se encarregou de dar entrevistas aos jornalistas e disse apenas que o acusado do crime estaria recolhido em “um lugar seguro”.
Até o começo da noite passada, o acusado permanecia numa cela separada dos demais presos e negou ter ido ao velório da menina, contrariando uma tia de Alanis, que garantiu em entrevista a uma emissora de TV local a presença do acusado no velório. “Ele estava lá sim, e foi várias vezes onde estava o caixão com o corpo”.
Desde a sua prisão, na manhã de anteontem, no Terminal do Siqueira, o acusado passa a maior parte do tempo em silêncio e não recebeu visitas.
O irmão dele, que também havia sido preso como o primeiro suspeito do crime, já foi transferido para a Delegacia de Capturas e Polinter (Decap), pois contra ele havia um mandado de prisão preventiva em aberto. O irmão de ´Casim´, Francisco Charles dos Santos Xavier, também responde inquérito por crime de estupro.
População
Ontem, não foi registrado um movimento tão intenso de pessoas em frente ao prédio da Superintendência, como na manifestação realizada horas depois da prisão. Contudo, no momento em que algumas emissoras de TV faziam transmissões ao vivo do local, populares se reuniram para protestar. Muitos populares chegaram a gritar por justiça.
Com a confissão do acusado, o reconhecimento dele através das testemunhas e a decretação de sua prisão, a Polícia acredita que, ainda esta semana, seja encerrada busca por provas, restando aguardar somente a conclusão dos laudos de perícia, entre eles, o que vai apontar a causa da morte da menina.
Hoje à tarde, o juiz Luiz Bessa Neto dará entrevista coletiva à Imprensa, no Fórum Clóvis Beviláqua, sobre o caso. Quando fugiu, em maiso de 2008, da Colônia Agro-Pastoril do Amanari, em Maranguape, o acusado do crime cumpria pena em regime semiaberto, apesar de condenado a 23 anos de prisão.
VAZOU
Secretário fica irritado com imagem do preso na TV
A divulgação por uma emissora de TV local de imagens do momento em que o estuprador era interrogado pelas autoridades, por pouco não resulta em mais uma medida drástica do atual secretário da Segurança Pública e Defesa Social, Roberto Monteiro. Irritado ao ver a cena do acusado do crime sendo interrogado durante o flagrante, Monteiro ligou para o superintendente da Polícia Civil, Luiz Carlos Dantas, no começo da tarde, e determinou que este afastasse do caso o delegado Lira Ximenes, que preside o inquérito.
Foi preciso Dantas e o próprio Lira darem explicações ao secretário. As imagens que acabaram sendo levadas ao ar teriam sido feitas dentro do cartório do Departamento de Inteligência Policial (DIP) por um cinegrafista amador, através de uma suposta câmera escondida.
Visivelmente chateado, e constrangido com a situação, o delegado Lira afirmou, no começo da noite, que não daria mais nenhuma declaração à Imprensa sobre o caso. “Estão colocando coisas que eu não disse”, desabafou Lira quando saía do prédio da Polícia Civil, por volta das 19 horas de ontem.
Apurar
No meio da tarde, o superintendente Luiz Carlos Dantas chegou a informar que, iria ser apurado o ´vazamento´ da imagem do acusado quando este era ouvido no DIP, assim como alguns detalhes do depoimento do estuprador. O incidente virou mais um capítulo da crise na Segurança Pública do Ceará.
FERNANDO RIBEIRO/EMERSON RODRIGUES – EDITOR/REPÓRTER