LabLuz promove semana colaborativa para transformar o atendimento nos Juizados Especiais
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- 11-07-2025
Como garantir acesso à Justiça a quem não entende de tecnologia, não tem celular ou sequer sabe por onde começar? Essa pergunta ecoou nos corredores do Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) ao longo de uma semana especial — marcada por escuta, criatividade e construção conjunta. Entre os dias 7 e 11 de julho, o Laboratório de Inovação do TJCE, o LabLuz, promoveu uma oficina colaborativa para repensar, na prática, o atendimento nos Juizados Especiais — com mais empatia, simplicidade e funcionalidade.
Durante cinco encontros, servidoras(es) e magistradas(os) mergulharam na metodologia Design Sprint, uma abordagem ágil e coletiva para resolver desafios reais em pouco tempo. Ideias saíram do papel. E soluções nasceram com propósito: tornar o caminho até a Justiça mais fácil, mais humano, mais possível — especialmente para quem enfrenta barreiras digitais ou não domina a linguagem jurídica.
“A gente vive um tempo em que decisões precisam ser rápidas, mas também precisam ser construídas com escuta. Essa oficina é justamente sobre isso: uma metodologia que reúne pessoas diferentes em torno de um objetivo comum e permite que, juntos, decidam com mais agilidade e consciência”, destacou o juiz Ângelo Bianco Vettorazzi, que atua nos Juizados Especiais e integrou a organização da atividade.
Com a consultoria da WeGov, representada por André Tamura, e a colaboração de Rodrigo Narcizo (Conexão Inovação Pública RJ), a oficina propôs um exercício concreto de empatia: colocar o cidadão no centro das decisões e criar soluções que realmente facilitem o acesso ao Judiciário.
O resultado foi a criação de três protótipos interligados, com impacto direto na jornada do cidadão. O primeiro redesenha a forma de comunicação com o público, com linguagem mais clara e acessível, para orientar melhor quem busca a Justiça — mesmo sem familiaridade com o mundo digital. O segundo propõe o uso de inteligência artificial para transformar a fala da pessoa em uma petição inicial, guiada por perguntas simples, quebrando a barreira da escrita técnica. Já o terceiro consolida o fluxo com a criação de uma Central de Atermação Digital, capaz de receber essas petições, identificar pendências, orientar as partes e encaminhar os pedidos ao sistema do PJe, garantindo mais agilidade, acolhimento e eficiência.
“Durante essa semana, fizemos um verdadeiro fluxo de inovação: da informação inicial até o envio da petição ao sistema judicial. Hoje, estamos testando os protótipos com servidores da Esmec para entender se o que criamos realmente faz sentido na prática. E tudo isso, em apenas cinco dias”, ressaltou o juiz Vettorazzi.
Para o facilitador André Tamura, a oficina foi um exercício de empatia aplicada à prática. “Reunimos aqui quem atua diretamente nos Juizados para pensar soluções concretas. O foco foi projetar alternativas acessíveis, principalmente para as pessoas que não têm domínio sobre o mundo digital. Esperamos que isso impacte positivamente a vida dos cidadãos cearenses”, afirmou.
Rodrigo Narcizo reforçou que inovar não é apenas fazer diferente, mas fazer com propósito. “Começamos analisando os desafios, entendemos o que precisava ser transformado, criamos ideias, protótipos e agora estamos testando. Essa é a chave da inovação: agir, avaliar e ajustar.”
A atividade integra as ações do Programa Nova Justiça e reafirma o compromisso do TJCE com uma Justiça mais próxima das pessoas. Os protótipos não são apenas ideias bonitas — são respostas aplicáveis, pensadas a partir da realidade de quem mais precisa. Com escuta ativa, sensibilidade e uso consciente da tecnologia, o Laboratório de Inovação mostra que transformar o atendimento é também transformar vidas. Porque Justiça, antes de ser sistema, é relação. E inovar é, sobretudo, aproximar.



