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Ceará oficializa a primeira união estável homoafetiva

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12.05.11
Leonardo e Irapuã já falam em filhos. União tem apoio da família, bênção de igreja e serve de estímulo para outros apaixonados pelo mesmo sexo. Leonardo e Irapuã se casaram na igreja em janeiro deste ano
A mãe estava ao lado, o irmão era um dos padrinhos, uma entrada na igreja como noivo havia acontecido quatro meses antes e todos que estavam no salão apoiavam incondicionalmente o episódio prestes a acontecer. Ainda assim, o auxiliar administrativo Leonardo de Carvalho Praxedes, 36, sentiu frio na barriga ao pisar no tapete vermelho que o levou ao ?altar? na tarde de ontem.
Ele e o também auxiliar administrativo José Irapuã Mendes Brandão, 35, formam, agora, uma família perante a República Federativa do Brasil. Foi o primeiro casal homoafetivo do Ceará a registrar uma união estável desde o último dia 6, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu, em votação unânime, a validade de relacionamentos gays.
Algo para consumar, de uma vez por todas, o amor dos dois. Em dezembro do ano passado, Leonardo e Irapuã assinaram um contrato de união. Um mês depois, entraram na igreja. Sim, há uma instituição religiosa a favor da união de pessoas do mesmo sexo no Brasil!
Diante de um diácono, um disse ?sim? ao outro na Igreja Comunidade Metropolitana. Depois de uma troca de olhares numa boate em 1998, sete anos ?se conhecendo? e seis com as escovas de dentes lado a lado. Treze anos juntos. ?Foi ele quem pediu minha mão. A gente estava numa roda de amigos. Depois, sentamos e decidimos que era mais um passo a ser dado?, lembra Leonardo.
Assinados os papéis, os auxiliares administrativos pretendem entrar na fila de adoção. Querem dois filhos. ?Quem sabe um casalzinho?, especula Praxedes. A decisão do STF garante-lhes isto, assim como outros direitos antes exclusivos ao matrimônio homem-mulher.