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Câmara cassa mandato do prefeito Manoel Salviano

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11.01.2011 política
Foram 103 dias de espera para a Câmara Municipal de Juazeiro do Norte cassar o prefeito Manoel Santana. No dia 29 de setembro do ano passado, uma sessão especial foi instalada na Câmara para analisar e votar o relatório de uma comissão processante que analisou as contas e as denúncias contra o prefeito. Havia na urna nove dos 14 votos dos vereadores, quando chegou uma ordem judicial mandando parar a sessão.
Lacraram a urna. Suspenderam a sessão e começou uma guerra judicial de vai e vem com decisões e contradecisões. Ontem, culminaram com o cumprimento de determinação emanada do Gabinete da presidência do Tribunal de Justiça do Estado, mandando retomar aquela sessão suspensa no 29 de setembro passado. Às oito horas, atendendo à convocação do presidente da Câmara, José de Amélia Junior, os vereadores começaram a chegar.
Antes de a sessão ser instalada, petistas partidários de Manoel Santana invadiram o plenário e começaram gritar palavras de ordem, daquelas do tempo antigo, onde o povo unido jamais será vencido. Foi. O comando da Polícia em Juazeiro do Norte, tentou pelo diálogo, a evacuação do plenário e, como não conseguiu, mandou tirar educadamente, na marra, os protestantes, carregados até a calçada.
Com o clima mais ameno e a temperatura na casa dos 30 graus lá dentro, 13 dos 14 vereadores começaram a votar. Na verdade, estavam valendo os nove votos já depositados na urna no dia 29 de setembro quando a sessão foi suspensa. Reinstalada, faltavam então cinco vereadores para votar. Um não compareceu. Foi o líder do prefeito, Adauto Araújo. No total votaram 13, dando a quem queria afastar Santana a esmagadora maioria de 12 votos a um.
Estabelecido que Santana perdera o mandato, a confusão voltou a instalar-se, desta feita também no auditório da Câmara. Gritos de protestos de nada adiantaram. O prefeito estava cassado e pronto. A ideia era esperar pelo vice-prefeito, José Roberto Celestino, que deveria assumir o comando do município. Celestino, porém, não apareceu. Nos corredores, souberam dele em Fortaleza, junto com o prefeito Santana.
Havia, porém uma segunda articulação e esta era contra José Roberto Celestino. Se ele aparecesse para assumir a Prefeitura, imediatamente seria dada entrada com um processo contra ele, porque quando prefeito, numa das licenças de Manoel Santana, sua firma vendeu produtos para a Prefeitura sem licitação. Suspenso, pela lei orgânica do município, Celestino então, foi dado como ausente e o cargo de prefeito tido como vago.
Centenário
A cidade não poderia ficar sem comando, ainda mais no ano em que se comemora o centenário de Juazeiro do Norte, com uma programação em andamento e uma série de eventos programados e em vias de acontecerem. Daí que a Câmara Municipal, como é normal, deu posse na Prefeitura ao presidente da Casa, vereador José de Amélia Júnior.
Empossado pela Câmara, Amélia Júnior e um grupo de vereadores foram para a Prefeitura onde começaria seu mandato. Lá, a Casa estava fervilhando de secretários e assessores que tentaram reagir à chegada de Zé de Amélia e vereadores. Devagar e sem esteio, aos poucos ficou vazia e as portas foram fechadas. O secretariado de Manoel Santana ausentou-se e lacrou tudo levando as chaves. O Gabinete do prefeito só foi aberto graças ao chamamento de um chaveiro que providenciou a queda do muro, uma fechadura que poderia perfeitamente ser arrombada, não fosse o cuidado com o cumprimento da lei e a manutenção da ordem. Naldim, o chaveiro, salvou a pátria.
Em seguida, Amélia Júnior, já prefeito, reuniu a Câmara e começou a traçar os planos para os próximos dias. Todo o secretariado foi demitido e todos os cargos públicos ligados ao Gabinete do prefeito dados como vagos. Até o fechamento desta edição, Amélia Júnior continuava reunido com os vereadores no Gabinete do prefeito, expedindo ordens de controle das contas da Prefeitura junto aos bancos e tratando de fazer a nomeação de um Gabinete de emergência.
Repercussão
Há dias, o prefeito Manoel Santana, afastado do cargo em Juazeiro do Norte, vinha chamando a imprensa cearense de golpista, acusando-a de partidária de uma artimanha para tirá-lo da Prefeitura. No twitter, Santana chegou a dizer que processaria o presidente da Câmara, José de Amélia Júnior, porque teria pedido a ele, R$ 450 mil reais para não realizar a sessão. Só que a sessão da Câmara foi ordenada pela Justiça cearense, em documento expedido pelo presidente do TJ-CE, Hernani Barreira.
Tirem tudo, menos o twitter
O deputado federal José Arnon Bezerra, do PTB, disse ao O Estado que tentou de todas as formas, fazer com que Santana arrumasse a Casa. Chegou a explicar que havia tempo para um fim de mandato limpo. ?Ainda há tempo, eu disse para Santana? – contou Arnon. ?Mas, ele e seus assessores fizeram ouvidos moucos. Santana tem um compromisso apenas com sua vaidade pessoal. Podem tirar tudo dele, menos o twitter e ele não vai ligar a mínima.?
Apoio institucional
O presidente da União dos Vereadores do Ceará, Deuzinho Filho, voou para Juazeiro ontem à tarde para acompanhar o processo. Disse que estava indo dar apoio a José de Amélia, ?um jovem sério e que quer o melhor para o município. A UVC expressa seu apoio à Câmara de Juazeiro do Norte e oferece o que estiver a seu alcance para que as instituições sejam respeitadas em seus valores,disse ao desembarcar em Juazeiro do Norte.