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Adoção: um ato de amor

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O amor une corações, aproxima pessoas independente dos laços de sangue. Estamos falando de homens e mulheres com um desejo comum: ter um filho. Alguns já foram pais pelo método natural e pretendem aumentar a família. Outros enxergam na adoção a única forma de realizar esse sonho.
Em todo o Ceará, até essa quinta-feira (24/05), 576 pretendentes estavam inseridos no Cadastro Nacional da Adoção (CNA). Somente em Fortaleza, o Setor de Cadastro de Adotantes e Adotandos contabiliza 235 processos habilitados e inseridos na fila do CNA. Outros 69 processos estão em fase de habilitação, aguardando a realização de curso, estudo psicossocial, parecer e despacho judicial.
Dos pretendentes habilitados, 22 estão em fase de vinculação, realizando visitas em instituições de acolhimento, saindo para passeios nos finais de semana; e 42 já estão com a guarda provisória da criança, ou seja, em estágio de convivência.
Se de um lado tem gente querendo ser pai ou mãe, do outro também existem dezenas de meninos e meninas que almejam ser filhos e filhas. Atualmente, 66 crianças e 32 adolescentes que vivem em situação de acolhimento estão aptos a serem adotados na Capital cearense.
NASCE UMA FAMÍLIA
Para nove famílias, a adoção se tornou realidade em 2018. A professora Semirames Maria Magalhães concretizou esse sonho em março deste ano, quando concluiu o processo de adoção de Ana Rayla, de sete anos.
Mãe de um adolescente de 14 anos, Semirames decidiu que a família deveria crescer em 2016. A princípio, queria uma menina com até três anos de idade, mas mudou de ideia após participar do curso obrigatório promovido pelo Poder Judiciário e ampliou o perfil para até sete anos.
Meses depois, em janeiro de 2017, recebeu a ligação do Setor de Cadastro e foi convidada a conhecer Ana Rayla. A garota tinha um perfil diferente: já havia sido vinculada a outras quatro famílias, mas não queria sair da instituição de acolhimento, onde vivia desde recém-nascida. Preparada psicologicamente para uma possível rejeição, a professora foi ao encontro.
“Ela estava sentada desenhando um casal segurando na mão de uma criança. Eu perguntei quem era a mulher. Ela disse: é a senhora. Questionei quem era a menina e Ana Rayla disse que era ela. Então a convidei a colorir o desenho. Quando perguntei quem era o homem, ela disse que era o pai, mas expliquei que não havia pai e que aquele poderia ser o João. Mostrei a foto do meu filho. Ela perguntou se poderia ser o irmão dela e eu disse que sim”, relembra Semirames.
Depois desse primeiro contato, a professora passou cinco meses visitando Ana Rayla e a levando para passear nos finais de semana. Com o tempo, os retornos ao abrigo passaram a ser sofridos para a criança e a família. Diante dessa situação, veio a decisão de dar o próximo passo: requerer a guarda provisória.
Nove meses depois, o mesmo tempo de uma gestação, o processo de adoção foi concluído. “A maior alegria dela foi o dia que recebeu esse registro. Fez questão de se chamar Ana Rayla Maria Magalhães”, conta a mãe.
Prestes a celebrar os oito anos da filha caçula, no próximo dia 10 de junho, Semirames também tem muitos motivos para comemorar. “Eu sempre soube que ia ter mais uma filha. Acho que ela estava lá só esperando a gente chegar. Foi incrível como aconteceu, do jeito que aconteceu. Hoje tenho certeza de que nossa família está completa.”
ATIVIDADES PARA COMEMORAR O DIA NACIONAL DA ADOÇÃO
A entrega do mandado de inscrição da sentença de adoção marca o início de uma nova família. É com esse documento que o cartório pode fornecer um novo registro de nascimento às crianças, constando os nomes dos pais e avós.
Na próxima terça-feira, dia 29, a desembargadora Maria Vilauba Fausto Lopes, presidente da Comissão Estadual Judiciária de Adoção Internacional (Cejai) do Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE), e a juíza Alda Maria Holanda Leite, titular da 3ª Vara da Infância e da Juventude da Capital (unidade especializada em adoção), realizarão a entrega desses mandados a 15 famílias. A solenidade será realizada a partir das 15h, no auditório Agenor Studart, no Fórum Clóvis Beviláqua, e integra as atividades em comemoração ao Dia Nacional da Adoção.
Também na terça-feira, das 9h às 12h, haverá mobilização pela adoção no térreo do Fórum. A programação contará com a participação de magistrados, servidores, promotores de Justiça, defensores públicos e integrantes de grupos de apoio à adoção.
PROCEDIMENTOS PARA ADOTAR
Os pretendentes devem se dirigir ao fórum de sua comarca e apresentar os seguintes documentos: cópia autenticada da Certidão de Nascimento ou Casamento, Identidade e CPF; comprovante de residência; comprovante e/ou declaração de renda mensal dos requerentes; certidão negativa de distribuição cível/criminal; atestado de sanidade física e mental e dois atestados de idoneidade moral, cada um deles preenchido e assinado por pessoas diferentes, sem grau de parentesco com a parte e com firma reconhecida.
Em seguida, será solicitada a presença no curso psicossocial e jurídico. Após isso, os candidatos passarão por entrevista. Por fim, o processo é analisado por juiz e promotor, que fazem avaliação para saber se o candidato está apto a adotar. Se estiver, passará a integrar o CNA.