Arte para Transformar: estudantes de 25 escolas estaduais participam de concurso de redação com reflexões sobre respeito às mulheres
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- 07-11-2025
Com canetas em mãos diante de folhas de papel em branco, estudantes da rede pública estadual escreveram, nesta quinta-feira (06/11), sobre dias melhores para as mulheres. A equipe da Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar do Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) acompanhou a aplicação das provas do concurso de redação do projeto “Arte para Transformar: cada traço, um ato de respeito às mulheres”, iniciativa de combate à violência criada para promover reflexão sobre respeito e equidade de gênero.
“Nosso sentimento é de realmente dever cumprido. Estamos passando para esses jovens, que formarão as gerações futuras, que é preciso respeito ao ser humano, tanto ao homem, mas principalmente, às mulheres, que vêm de gerações sofrendo violências de toda espécie”, ressaltou a coordenadora da Mulher do TJCE, desembargadora Vanja Fontenele Pontes, que visitou as Escolas de Ensino Fundamental e Médio (EEFM) Estado do Paraná e César Cals.
Ao todo, 25 escolas estaduais estão participando do concurso, que contempla estudantes do 1º, 2º e 3º ano do Ensino Médio. Nas semanas que antecederam a produção dos textos dissertativos-argumentativos, as(os) jovens participaram de oficinas de Ciclos Literários, nas quais discutiram temas como sociedade patriarcal, submissão, estereótipos femininos, ciúme, controle nas relações amorosas, feminicídio, violência extrema, resistência e superação feminina. Também foram trabalhadas obras clássicas da literatura brasileira como “O Quinze”, “Dom Casmurro”, “A Cartomante” e “Olhos D’Água”. As aulas foram conduzidas por discentes do Curso de Letras da Universidade Federal do Ceará (UFC).
A segunda fase do “Arte para Transformar” é fruto da união de esforços entre instituições. Além do TJCE, da Secretaria de Educação do Estado (Seduc) e da UFC, a iniciativa contou com o apoio do professor Diego Pereira, que viabilizou um aulão virtual de preparação para a prova. Ele é autor do best-seller “Curso de Redação para o Enem e Particulares” e da coleção “Redação Enem: chego a 1000”.
“Foi uma formação que não só nos preparou para esse concurso, mas que, querendo ou não, me preparou também para o Enem. Estou muito confiante, não só por mim, mas também pelos meus companheiros. É um tema muito relevante, que tem de ser realmente aprofundado, principalmente no ambiente escolar”, contou a estudante de 18 anos que cursa o 3º ano na EEFM Estado do Paraná, Flávia Lopes da Silva.
Para o professor Ediberto Silva, que esteve à frente do projeto na referida unidade de ensino, o impacto do “Arte para Transformar” ultrapassa a discussão da temática e a técnica de escrita, tendo efeitos profundos na formação individual de cada participante. “A gente sempre coloca, no dia a dia deles, que é importante alcançar voos maiores. Para que eles pensem em, um dia, estar em uma universidade e em espaços públicos. Acho que, quando as instituições apoiam um momento como esse, se torna muito significativo para a vida deles”, pontuou.

TRANSFORMAÇÃO E RECONHECIMENTO
Os resultados do concurso de redação serão divulgados no dia 28 de novembro, durante a cerimônia de premiação, a ser realizada na UFC. Na data, as(os) estudantes que conquistarem as primeiras posições serão agraciadas(os) com diferentes prêmios, entre eles, smartphones, notebooks, ingressos para o cinema, livros de redação e almoços no Hotel Sonata. No mesmo dia, também serão premiadas(os) as(os) vencedoras(es) do desafio artístico que compôs a primeira etapa do projeto, em junho.
Naquela ocasião, alunas e alunos de três escolas públicas transformaram caixas de pizza em telas de pintura para expressar suas reflexões acerca do respeito à mulher e do combate à violência doméstica e familiar. O trabalho resultou em uma exposição artística, que já passou pelas sedes do Poder Judiciário, do Ministério Público estadual (MPCE), da Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Ceará (OAB-CE), da Câmara Municipal de Fortaleza (CMFor), do Fórum Clóvis Beviláqua (FCB) e da Escola Superior da Magistratura do Ceará (Esmec).
A estudante do 2º ano da EEFM Estado do Paraná, Laura Eduarda da Silva, de 17 anos, acredita que o debate deve ser sempre fomentado entre os jovens para que haja verdadeira transformação social. “Às vezes, ainda na escola, algumas mulheres já sofreram algum tipo de violência e, estudando mais sobre aquele assunto, veem que não é besteira, que é crime, que é uma coisa séria. Acho muito importante tratar sobre isso com os adolescentes, que podem se proteger e proteger as mulheres da família deles”, afirmou.
Aos 16 anos, Rafael Alexandre, do 1º ano, lembra que, mesmo com leis destinadas à proteção das mulheres, ainda é necessário avançar. “Aprendi que têm muitas mulheres que, atualmente, ainda deixam de denunciar por conta do medo ou por acharem que o que sentem ou sofrem é minimizado”, explicou.
A fala dos estudantes ilustra o pensamento da coordenadora da Mulher do TJCE, que defende que o verdadeiro legado do Projeto nada tem a ver com notas e a conquista de bens materiais. “O prêmio maior é a participação de vocês. Eu, às vezes, digo que a minha geração falhou, mas a de vocês não vai falhar”, refletiu a magistrada na sala de aula, antes de deixar que a geração do futuro começasse a transformar cada traço em um ato de respeito às mulheres.
A visita de aplicação das provas também foi acompanhada pela desembargadora Sílvia Soares de Sá Nóbrega, que integra a Coordenadoria da Mulher do TJCE; pela juíza Juliana Porto Sales, auxiliar do 2º e do 4º Juizado da Mulher de Fortaleza; pela professora Maria Oziléa Bezerra de Menezes, coordenadora de estágios da Pró-Reitoria de Graduação da UFC; pela coordenadora da Superintendência das Escolas Estaduais de Fortaleza da Região 03 (Sefor 3), Vitória Cunha; pelo coordenador de Educação em Direitos Humanos da Seduc, Wilson Fraga, e pelo orientador da mesma unidade, Frankelmo Matos. Estiveram presentes ainda, servidoras e servidores da Coordenadoria da Mulher do TJCE, bem como profissionais que atuam nas escolas visitadas.




