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Violência sexual contra crianças e adolescentes

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30.08.2010 opinião
Grecianny Cordeiro Promotora de Justiça
O caso da menina Alanis, de apenas cinco anos de idade, assassinada e estuprada por Antonio Carlos dos Santos Xavier, conhecido por Casim, revela o lado mais vil do ser humano.
As circunstâncias em que ocorreu a morte da criança Alanis despertaram um clima de torpor, revolta e indignação na população. O acusado teve um julgamento célere e foi condenado a uma pena justa, servindo isso apenas como um paliativo para os familiares que perderam a criança, cuja dor certamente jamais findará, embora possa vir a amenizar com o passar do tempo.
Fico agora pensando nos inúmeros casos de violência sexual contra crianças e adolescentes que nunca chegaram às barras da Justiça, cujas vítimas continuam amedrontadas, apavoradas, muitas vezes se obrigando a viver e a conviver com o próprio agressor, geralmente um familiar próximo, o pai, o padrasto, o irmão.
Quantas crianças e adolescentes, quando chega a noite, ficam apavoradas porque sabem que o pai ou padrasto irá assediá-las e abusá-las para satisfazerem sua lascívia sexual. Nada lhes resta a fazer senão calar, com medo de ameaças, de represálias e também com receio da incompreensão da mãe, da irmã, da avó…
Quantas infâncias perdidas, quantas adolescências frustradas em virtude da ação injustificável e inadmissível daqueles que deveriam proteger as crianças e os adolescentes de todo e qualquer mal, mas que acabam por delas abusar da forma mais desprezível e humilhante.
Abuso sexual, violência sexual contra crianças e adolescentes, pedofilia, são palavras que chocam e nos comovem, porque avaliamos a dor das vítimas, embora jamais possamos compreendê-las ao certo em toda a sua plenitude.
Talvez seja utópico imaginar um mundo sem pedófilos, sem pervertidos sexuais, sem estupradores.
Talvez seja utópico desejar que esses tipos de pessoas sejam desmascarados e sofram as consequências de seus crimes.
Talvez não seja tão utópico assim ajudar as vítimas desses tipos de crime a encontrar apoio junto ao Estado para que possam tomar a devida coragem para revelar seus agressores, de modo a que sejam devidamente punidos.
Bem, sonhar não faz mal a ninguém.