TJCE promove palestra sobre transformações históricas das masculinidades e feminilidades no Judiciário cearense
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- 17-09-2025
O programa “Equidade é Compromisso Conjunto: Refletindo sobre Masculinidades no Poder Judiciário Cearense”, do Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE), realizou mais uma etapa no trabalho de ampliar a participação masculina em ações voltadas à redução das desigualdades de gênero. Trata-se da palestra “Masculinidades e Feminilidades em suas constantes transformações na História”, ministrada pela professora Joana Maria Pedro, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), na Escola Superior da Magistratura (Esmec), nessa segunda-feira (15/09), e no Fórum da Comarca do Crato, na última sexta (12/09).
Os eventos foram promovidos pelo Comitê Gestor de Equidade de Gênero e pela Coordenadoria de Cultura e Engajamento da Secretaria de Gestão de Pessoas (SGP), com apoio da Esmec. Durante as palestras, a professora compartilhou reflexões sobre os processos históricos e culturais que influenciaram a construção das identidades de gênero ao longo do tempo, ressaltando a importância da desconstrução de estereótipos no ambiente institucional. Ela destacou ainda a importância de iniciativas institucionais voltadas para a promoção da equidade de gênero. “Fiquei emocionada ao saber que o Tribunal de Justiça do Ceará tem esse programa. Quero parabenizar todas as pessoas que estão à frente dessa iniciativa tão significativa”, disse.
A coordenadora da Esmec, juíza Ana Paula Feitosa, enfatizou a relevância do debate “É um tema tão necessário para compreendermos as dinâmicas sociais que atravessam o nosso cotidiano, nossas instituições e, sobretudo, nossas formas de ser e conviver. Essa discussão reflete o compromisso do TJCE com a promoção da equidade de gênero e reafirma o papel do Judiciário como agente transformador, que contribui para a construção de uma sociedade mais justa, inclusiva e igualitária”, afirmou.
A coordenadora do Comitê de Equidade de Gênero, desembargadora Ângela Tereza Gondim Carneiro Chaves, reforçou a importância de envolver homens na pauta. “Essa trilha de aprendizagem voltada aos homens é muito relevante para nós, porque a construção de uma sociedade mais equânime depende de todos. Precisamos compreender as mudanças sociais, a transformação de papéis e os avanços das mulheres, que também precisam ser compreendidos pelos homens. Trata-se de cultivar um espírito de igualdade, reconhecendo capacidades, diferenças e o valor de cada pessoa”, ressaltou.
Também participando do debate, a diretora do Fórum Clóvis Beviláqua, juíza Solange Menezes Holanda, trouxe uma reflexão sobre a presença de homens no evento. “A ONU já apontou que a equidade de gênero é indispensável para a paz social. Sem igualdade, continuaremos em um mundo belicoso e difícil para todos. É fundamental que essa construção seja feita com crítica, cultura, letramento e consciência da igualdade entre nós como seres humanos. Acredito que, independentemente da participação masculina, avançaremos porque as mulheres são fortes e capazes. Mas com essa participação, o caminho será mais fácil para todos”, declarou.
“O Brasil ocupa ainda o quinto lugar no mundo no ranking de feminicídio. Nós, mulheres, recebemos cerca de 20% a menos que os homens. Na política do nosso País, a gente ainda compõe menos de 20% das cadeiras do Congresso Nacional. Três de cada 10 mulheres são vítimas de violência doméstica. São dados que mostram para a gente que ainda, sim, precisamos falar sobre isso”, frisou a psicóloga Débora Pinho Arruda, que é membra do Comitê.

PAUTA PERMANENTE
Participantes aprovaram a iniciativa. “Achei o evento extremamente interessante, uma vez que a questão de gênero tem que ser uma pauta permanente do Judiciário, principalmente quando se trata do Judiciário cearense, que é berço do trabalho de enfrentamento da violência doméstica, já que a Lei Maria Penha teve seu início de discussão todo aqui”, lembrou assistente de apoio ao Judiciário da 1ª Vara Cível de Itapajé, Eliziane Morais.
A assistente social e analista judiciária, Jord Guedes, comemorou o Tribunal de Justiça estar voltado para a temática. “Me senti muito contemplada, até porque eu venho de um mestrado em História, então, já estudando questões de gênero. E, na minha prática profissional, eu passei 13 anos trabalhando, atuando no Juizado da Mulher. Que tenham longa vida esse debate e essa mudança na prática das relações”, disse.
“O tema foi trazido de forma leve e descontraída, mas sem descurar da seriedade que o assunto representa, especialmente no Cariri, onde a violência contra as mulheres, infelizmente, ainda atinge números alarmantes”, destacou a servidora da 2ª Vara Cível da Comarca do Crato, Cleiane Alencar Amorim, que assistiu à palestra no Crato.
As palestras foram destinadas a magistradas, magistrados, servidoras e servidores, além de demais integrantes do Poder Judiciário. O programa “Equidade é Compromisso Conjunto: Refletindo sobre Masculinidades no Poder Judiciário Cearense” foi lançado no dia 8 de agosto com o objetivo de implementar ações estratégicas para os anos de 2025 e 2026.



