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Sem armas – Para deputados, medida ajuda bandidagem

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15.04.11
Política
?Desarmar a população é injustiça com o cidadão de bem, pois os bandidos continuam tendo acesso às armas. É fortalecer a bandidagem?, declarou ontem o deputado Manoel Duca, o Duquinha (PRB), na Assembléia Legislativa, onde muitos já se posicionaram contra e a favor do plano do governo federal de recolher armas da população.
Para Duquinha, ?agentes inescrupulosos, insensatos e insensíveis? querem anular ?um direito humano legítimo: o da autodefesa?. Ele rechaçou a proposta do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AM), de revogar o Estatuto do Desarmamento e promover um plesbicito sobre a proibição da venda de armas no Brasil, bem como a retomada da campanha de desarmamento do povo, anunciada pelo ministro da Justiça, o petista José Eduardo Cardozo.
?Contrariando todo os dados colhidos nas diversas pesquisas sérias já realizadas sobre o assunto, não só no Brasil, mas em diversos países do mundo, o ministro tenta justificar as ações com a alegação de que em larga medida os índices de violência têm a ver com o desarmamento. Mas não é isso que, sequer minimamente, evidenciam os fatos?, explicou Duquinha.
O CASO DA SUÍÇA
Como exemplo, o deputado citou a Suíça, onde praticamente todo cidadão mantém em casa as armas que usou durante o serviço militar. ?A pacata e civilizada Suíça é hoje um dos países mais armados do mundo, rivalizando talvez com os EUA, e no que depender de sua população continuará assim por muito tempo. Com quase 60% dos votos, as propostas de restrições à posse de armas na Suíça foram rejeitadas pela população em plebiscito realizado em fevereiro deste ano que guardou impressionante semelhança ao referendo brasileiro de 2005?, informou Duquinha.
O deputado também chamou atenção para o fato de que São Paulo conseguiu reduzir a criminalidade colocando polícia na rua e bandidos na cadeia, contrariando o discurso do petismo, segundo o qual tal resultado só pode ser obtido ao se tirar as armas da população. ?É equivocado afirmar que depois da aprovação do Estatuto do Desarmamento houve 12% de redução na taxa de homicídios. O número até cresceu. A exceção é o estado de São Paulo, devido ao reforço na atuação policial?.
Duquinha entende que a sociedade precisa ser muito bem informada sobre os planos do governo federal. ?Quando se fala em desarmamento, o povo pensa que o bandido vai ser desarmado, e isso não vai acontecer. A situação do bandido vai melhorar. Como é que um cidadão pode exercer seu direito à legítima defesa se ele não tem uma arma em casa??.
DESARMAMENTO? SÓ SE
COMEÇAR PELOS MARGINAIS
A proposta do presidente do Senado é ?hipócrita?, opinou Fernando Hugo (PSDB). ?É uma idéia que vem da mente carcomida do Sarney?. Idemar Citó (DEM) concordou com os colegas: ?O desarmamento só serve para o cidadão, porque o bandido continua armado?.
Já Tin Gomes (PHS) atacou o gasto que o governo fará no novo plebiscito, considerado totalmente desnecessário pelo deputado, visto que os brasileiros já votaram em 2005 contra o desarmamento. ?Os R$ 10 milhões disponíveis para o plebiscito deveriam ser colocados na Polícia Federal. É muito mais negócio?. Para Tin, essa discussão só voltou à praça porque o governo quer dar uma impressão de resposta à chacina das crianças na escola do Rio.
?São coisas do Brasil: querem tapar o sol com a peneira. Porque esse doente fez o que fez no Rio de Janeiro não quer dizer que população está armada. É o contrário, quem estão armados são os delinqüentes. Sou a favor do desarmamento, mas começando pelos marginais?.
ATO DE CIDADANIA
Sustentando uma posição tradicionalmente esquerdista, os petistas defenderam Sarney e o governo. ?É importante desarmar. É um ato de cidadania?, disse Dedé Teixeira.
Na seqüência, Antônio Carlos ressaltou que não falava como líder do governo Cid, e sim ?na condição de militante progressista?: ?O que se deve fazer é desarmar todos aqueles que não podem andar armados?. E não só as armas de fogo devem ser recolhidas, segundo Carlos: ele defende que também as armas brancas sejam controladas. E Eliane Novais (PSB) acredita que o desarmamento ?é um processo pedagógico para o Brasil?.
A começar pelos criminosos
O deputado Ely Aguiar (PSDC) anunciou ontem que apresentará projeto de lei para tirar de circulação as armas usadas em crimes apreendidas pela polícia. ?Grande parte dessas armas voltam a circular para a mão dos delinqüentes, e isso acontece porque não existe uma lei que inutilize essas armas?, disse ele.
Pela proposta, tal medida seria tomada após a conclusão do inquérito e da perícia, de modo a evitar que bandidos voltem a usar o armamento. Ely explicou que o desaparecimento de armas em fóruns de justiça é comum no país inteiro. No Ceará, segundo ele, Mauriti e Araripe são alguns dos municípios em que meliantes se apoderaram do estoque de armas apreendidas.?Campanha de desarmamento serve para promover ministro, para promover o governo federal. Mas não promove a redução da criminalidade?, afirmou o parlamentar.