Roda de conversa destaca mulheres negras e papel da arte como ferramenta de equidade racial
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- 10-11-2025
Como um gesto de reconstrução da memória coletiva e valorização das vivências negras femininas para a história cearense, o Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE), por meio do Comitê Gestor de Equidade de Gênero e da Diretoria do Fórum Clóvis Beviláqua (FCB), promoveu, nesta sexta-feira (07/11), a roda de conversa “Mulheres de trajetória: Negro é um rio que navego em sonhos”, no FCB. A atividade integrou a programação alusiva ao Mês da Consciência Negra.
O espaço de trocas buscou proporcionar o entendimento dos significados por trás de fotografias de mulheres negras que marcaram a luta pela liberdade no estado. O propósito foi fortalecer o debate sobre equidade racial e destacar o papel da arte como ferramenta de transformação social na afirmação de identidades.
Os retratos, em exposição no local, compõem a mostra “Negro é um rio que navego em sonhos”. Os participantes foram convidados a observar as fotografias expostas, refletirem sobre seu próprio passado e presente e, assim, repensarem a presença negra nos espaços, como um exercício de humanidade.
“Hoje é de fato um momento histórico. Estar aqui no Fórum, neste momento de troca, com as fotografias dessas mulheres negras, suas trajetórias políticas e de vida, não só é um marco de reparação histórica, como também uma forma de honrá-las. Uma história que não se trata do apagamento, mas sim da presença”, pontuou a curadora da exposição, Ana Aline Furtado, ao conduzir a roda de conversa.
Também à frente do diálogo, a gestora cultural da Galeria da Liberdade, Cícera Barbosa, destacou a importância da atividade como uma “ação educativa, pedagógica, e, sobretudo, de esperança”. “Essas mulheres fazem parte da luta pela justa relação étnico-racial. É fundamental que tenhamos, principalmente nesse espaço que discute sobretudo a Justiça, essas mulheres como referências. Que se humanizem esses corpos que foram tão desumanizados”, expressou.

NOVAS NARRATIVAS
Ao incentivar o conhecimento sobre as trajetórias de ancestralidade e luta pela liberdade, a roda de conversa propôs, ao público, a continuidade da reflexão em busca de futuros mais representativos. “Nós, mulheres negras, continuamos e continuaremos. Se estamos aqui, firmando nossas narrativas e sendo fruto desses caminhos que foram construídos coletivamente para o futuro, eu digo que a gente permanece, que todas as pessoas que saem daqui hoje não vão poder mais compactuar com a negação da manifestação negra no Ceará”, ressaltou a curadora.
Para além do Mês da Consciência Negra, Cícera Barbosa estimulou a mobilização contínua. “Eu desejo que as pessoas sejam contagiadas com a ideia de que as mulheres negras são mulheres militantes, que estão na luta e na trincheira há muitos anos. Continuamos buscando, para a próxima geração, um mundo mais justo e livre do racismo, não somente em novembro, mas durante uma vida inteira”, disse.
Participante da roda, Nara de Mônaco, colaboradora da Central Interna de Atendimento (Ciat) do TJCE, descreveu a experiência como “transformadora”. “Entendi a importância de valorizarmos a nossa cultura, de onde nós viemos. Fica comigo a reflexão sobre a relevância de criarmos memórias, lembrarmos de quem somos e quem foram os nossos antepassados”, observou.
EXPOSIÇÃO
Em exibição até o dia 28 de novembro, a mostra “Negro é um rio que navego em sonhos” pode ser visitada no corredor próximo à entrada principal do Fórum Clóvis Beviláqua (FCB), no Setor Azul.
Entre as(os) fotógrafas(os) que assinam as obras estão: Alexia Ferreira, Blecaute, Cecília Calaça, Clébson Francisco, Darwin Marinho, Roberto Silva, Kulumyn-açu, Luli Pinheiro, Suellem Cosme, Trojany e Wellington Gadelha.
A iniciativa é fruto de parceria entre o Poder Judiciário estadual (através do Comitê Gestor de Equidade de Gênero, da Comissão de Políticas Judiciárias pela Equidade Racial e do FCB) e a Secretaria de Cultura do Estado (Secult-CE), por meio Museu da Imagem e do Som (MIS), que é responsável pela Galeria da Liberdade.
PROGRAMAÇÃO
Dando continuidade à programação, o TJCE realizará, no dia 19 de novembro, às 8h30, na Escola Superior da Magistratura do Ceará (Esmec), a roda de conversa “Negritude e Masculinidades: Reflexões sobre raça, gênero e equidade”, voltada a servidoras(es) e magistradas(os) do Judiciário estadual.
SERVIÇO
Exposição “Negro é um rio que navego em sonhos”
Data: 3 a 28 de novembro
Local: Fórum Clóvis Beviláqua – Nível 0, Setor Azul – Rua Des. Floriano Benevides Magalhães, 220
Roda de conversa “Negritude e Masculinidades: Reflexões sobre raça, gênero e equidade”
Data: 19 de novembro
Horário: 8h30
Local: Esmec
Público-alvo: Servidoras(es) e magistradas(os)



