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Resultado da comparação de DNA sai em um mês

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18.02.2011 Ceará
A emoção foi grande. E o agricultor Francisco Evaldo Alves Prado, 39, não aguentou ver aberta a sepultura do filho que teria sido enterrado há 11 anos. Voltou pra casa, enquanto os legistas retiravam de um saco, dentro da sepultura, os ossos, arcada dentária e filhos de cabelo que supostamente seriam de Francisco Daniel Alves Prado. Ele teria morrido aos quatro anos de idade, vítima de queimaduras de terceiro grau, após explosão em uma oficina mecânica.
A mãe do garoto, Maria Laura Prado acredita que o corpo sepultado não é o do seu filho. A desconfiança vem desde que, segundo ela, foi aconselhada por um médico do Instituto Doutor José Frota, a não abrir o caixão onde estaria Daniel.
?Eu abri porque queria ver o meu filho e achei muito grande pra ser ele. Mas como os médicos atestaram a sua morte, então me conformei?. Mas ontem, ao presenciar o trabalho dos legistas, Maria voltou a desconfiar e continua acreditando que os restos mortais não são do filho. A resposta dos legistas, porém, só será dada daqui a um mês – tempo em que o material coletado será comparado aos de Evaldo e Maria.
Evaldo lembrou ontem do dia em que foi com o filho para oficina mecânica levar a porta do carro para um conserto. ?Ele não desgrudava de mim. Chegamos na oficina, ela sentou na minha perna e foi quando houve a explosão. Sofri muito porque ficamos os dois internados em alas diferentes no IJF e só me disseram da morte dele três dias depois?, recorda.
Sem dormir
O agricultor diz que há várias noites não consegue dormir e o pede ?muita força a Deus para suportar o que está acontecendo?. Ele se refere às investigações sobre a chance do filho estar vivo e morando em Araçoiaba da Serra (SP). A suspeita surgiu quando uma mulher identificada como Cristina Borges telefonou para a proprietária do Cartório de Lagoa do Mato, Genir Lobo, e pediu a segunda via da certidão de Daniel para matriculá-lo em uma escola.
Genir disse que informou à mulher sobre a morte do menino, mas ela insistiu que ele estava vivo e o namorado, motorista de caminhão, era o responsável por ele. Genir então contou para os pais de Daniel que procuraram o delegado regional de Canindé, Dionísio Amaral que abriu o inquérito.
O delegado do Departamento de Inteligência da Polícia, Francisco Crisóstomo, garantiu que se o jovem estiver vivo, irá buscá-lo. ?Deus ajude que isso aconteça. Não aguentamos sofrer mais?, acrescenta Evaldo Prado. Os irmãos de Daniel ? Paula Eduarda, 10, e os gêmeos Carlos Alberto e Carlos Eduardo, de quatro anos, estão ansiosos. ?O meu irmão Daniel está vivo. Ele vai voltar?, diz Carlos Alberto.
Onde
ENTENDA A NOTÍCIA
Os restos mortais de Francisco Daniel Alves Prado estariam enterrados, há 11 anos, no cemitério São Miguel, na localidade de Lagoa do Mato, em Itatira, a 212 quilômetros de Fortaleza. A rotina do lugarejo mudou desde que começou a circular a notícia de que Daniel estaria vivo.
SAIBA MAIS
Durante a exumação do corpo, policiais montaram esquema de segurança no cemitério para que não entrassem curiosos.
O sangue e a saliva dos pais de Daniel foram colhidos no Laboratório Forense do Instituto Médico Legal, em Fortaleza, na segunda-feira, para exame de DNA.
Além de Francisco Crisóstomo, diretor do Departamento de Inteligência Policial e da titular da Delegacia de Combate à Exploração da Criança e Adolescente, Ivana Timbó, investigam o caso policiais de Araçoiaba da Serra.
Cristina Borges queria matricular o jovem em uma escola a pedido do namorado, que se chamaria Ivan. Segundo Ivana Timbó, ela prestou depoimento ao delegado de Araçoiaba da Serra e disse que ele não tinha cicatrizes que identificassem queimaduras sofridas há 11 anos. Mas Dery, tio de Daniel, assegura ter conversado com Cristina e ela terá confirmado as marcas de queimaduras.