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Presos resgatados da CPPL II

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Cotidiano 11.06.10
Pelo menos 10 pessoas, que trocaram tiros com a polícia, estavam apoiando o plano de resgate
Plano de resgate acabou com a fuga de 13 presos, na madrugada de ontem, na Casa de Privação Provisória de Liberdade, CPPL II, em Itaitinga. Na hora da ação houve troca de tiros e um blecaute de energia, que durou cerca de três minutos, quando os detentos conseguiram fugir. Segundo a Polícia, o grupo contou com o apoio de 10 a 15 pessoas, que efetuaram vários disparos de fora para dentro da cadeia e deram cobertura para a fuga.
Na ocasião, dois policiais que estavam em duas das oito guaritas da muralha, revidaram os tiros, mesmo na escuridão. Ninguém saiu ferido.
A perita Sônia Silva, que esteve no local, informou que os presos cerraram uma grade de proteção chamada brita, depois escalaram a grade e danificaram a cerca para que ela perdesse a eletricidade. Segundo a Diretora da CPPL II, capitã Keydna Carneiro, os presidiários sabiam que só teriam três minutos para fugir, pois, automaticamente, a energia voltaria. ?Eles tinham a informação privilegiada de dentro da cadeia?. De acordo com um agente penitenciário que não quis se identificar, os presos quebraram a coluna de cimento das celas 22 e 5 do pavilhão B. Uma delas estava desativada, por conta de ter sido descoberto um buraco para fuga de alguns presos.
Fuga IPPS
Conforme a perita, a estrutura do prédio é tão falha que, utilizando uma corda de fabricação artesanal, eles conseguiram puxar a coluna, que caiu com facilidade. A diretora disse que o principal alvo do resgate era Antônio Carlito Avelino, conhecido como ?Boi?, condenado por assalto e homicídio. Keydna ressaltou que, em fevereiro deste ano, ele foi o mentor do plano de fuga em massa do Instituto Penal Paulo Sarasate (IPPS), através de dinamites colocadas na muralha do presídio.
Na ocasião, seis presos conseguiram fugir e uma pessoa morreu. As investigações apontaram ?Boi? como o cabeça da ação. Em abril, ele foi transferido para a CPPL II. Já em maio, a capitã da cadeia pediu à Vara de Execução Penal sua retirada, pois havia a possibilidade de um resgate ou uma fuga. ?Se ele tentou dinamitar a muralha de um presídio, imagina em uma casa de custódia, que só tem cerca, o que poderia fazer?, questionou.
A capitã chegou a informar sobre a gravidade da situação para a Secretaria de Justiça do Ceará (Sejus), para que alguma providência fosse tomada, mas até agora nada foi feito. Ela criticou a estrutura da cadeia, que é extremamente frágil para comportar presos condenados e perigosos. ?Essa ação foi planejada pelo crime organizado. É um absurdo, uma casa de custódia que hoje tem 968 presos, 134 serem condenados. Eles deveriam estar num presídio, não numa casa de custódia?, disse ela. Na hora da fuga haviam apenas dois PMs em duas guaritas, e seis agentes.
A capitã salientou que tudo vai ser apurado com muito rigor, pois, inclusive, eles sabiam exatamente o tempo que teriam para sair do local. ?As pessoas que trabalham como terceirizados, no setor de energia, serão convocadas a depor?, afirmou. Além de Antônio Avelino, conseguiram fugir mais 12 presos, entre eles Edvan da Silva, tido como especialista em fuga. Todos eles respondem por assalto e outros crimes.
Dos 13 fugitivos, quatro foram recapturados ontem à noite, e três continuavam escondidos em uma mata, na localidade de Jaboti, em Itaitinga.