Judiciário cearense realiza primeira Oficina de Valorização 60+ do Estado
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- 03-10-2025
Inédita no Ceará, a primeira Oficina de Valorização 60+ foi realizada, nessa quinta-feira (02/10), no Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania (Cejusc) de Fortaleza. A iniciativa, do Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE), é voltada para partes cujas ações em tramitação envolvam pessoas idosas. Tem os objetivos de alinhar a escuta e fortalecer os vínculos sociais e familiares.
Essa primeira atividade é voltada para processos relacionados a curatela. Por isso, participaram da oficina majoritariamente pessoas idosas, familiares e cuidadoras(es). O projeto integra as ações do recém-criado Cejusc 60+, que além de promover permanentemente audiências de conciliação e mediação, passa a oferecer encontros mensais especialmente dedicados à população idosa, buscando sua valorização no contexto da Justiça, criando um espaço educativo e restaurativo.
Na abertura da oficina, a juíza Suyane Lucena, coordenadora do Cejusc de Fortaleza, falou sobre a importância de os participantes terem a possibilidade de uma resolução mais rápida dos conflitos. “Aqui há a necessidade de que as pessoas envolvidas compreendam melhor os direitos da pessoa idosa, os deveres do curador, ou até mesmo a necessidade de fortalecer os vínculos familiares, tendo sempre aquele foco do melhor interesse da pessoa idosa e na gestão participativa na resolução desses conflitos”, destacou a magistrada.
Presente no início dos trabalhos, a juíza Solange Menezes, diretora do Fórum Clóvis Beviláqua, explicou aos presentes que a participação das partes no processo de construção de soluções é a melhor ferramenta que podem encontrar. “As próprias pessoas envolvidas vão trabalhar na resolução do conflito, da dificuldade. Isso é importante porque quando os juízes vão decidir, eles fazem baseado no que está escrito no processo. Já quando vocês participam dessa construção, conseguem resolver a dificuldade dentro das casas, dentro das famílias. É aí que a questão está realmente pacificada, quando essa decisão se estende para a realidade da vida de vocês,” disse.
A atividade está sendo realizada nos moldes da Oficina Pais e Filhos, que já acontece nos Cejusc tanto de Fortaleza como no Interior. “Ela funciona de uma certa forma como a oficina de parentalidade. A gente procura deixar as partes do processo cada uma em uma sala, para que elas se sintam à vontade de se expor, de refletir, mas a metodologia e o assunto são os mesmos em ambas”, ressaltou a psicóloga do Cejusc Fortaleza, Mônica Sant’Ana Mantini.
PARTICIPANTES
A primeira sessão reuniu partes envolvidas em processos judiciais, que participaram de palestras, puderam esclarecer dúvidas sobre direitos da pessoa idosa. A iniciativa busca também prevenir situações de violência, negligência e abandono, além de promover dignidade, autonomia e o fortalecimento das relações familiares e comunitárias.
“Para mim, foi muito importante esse momento. Eu tirei muitas dúvidas que eu tinha e também aprendi muito mais como valorizar pessoalmente a vida. Porque o que minha mãe está passando hoje eu poderia também passar. Não se sabe o dia de amanhã. Então, foi um aprendizado muito grande. Vou levando conhecimento que eu vou aplicar no meu dia a dia, na minha vida”, disse Antonia de Lima, uma das participantes da Oficina.
Em outra sala, estava Luciana de Lima, que falou sobre o conhecimento adquirido. “Foi uma experiência muito bonita. Eu aprendi hoje a importância de ouvir, de entender nossos problemas e resolver entre nós, porque às vezes a gente transforma em uma confusão o que poderia ser conversado entre as famílias”, observou.
Eduardo Monteiro também participou da iniciativa e destacou a importância de valorizar e dar voz à pessoa idosa. “Essa interação foi bastante valorosa por termos acesso a um conhecimento que muitas pessoas desconhecem, que é o valor da pessoa idosa. Valorizar o idoso é dar um discernimento melhor para ele poder ter o direito de escolher, e ter aquela escolha respeitada. Eu entendo que muitas pessoas veem a pessoa idosa como uma criança. O idoso não é uma criança, e tratá-lo dessa forma seria desvalorizar a personalidade que ele construiu esses anos todos.”
As oficinas serão realizadas mensalmente, envolvendo processos de outra natureza. A iniciativa também está em consonância com a Resolução nº 520/2023 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que prevê a realização de oficinas voltadas para a pessoa idosa inspiradas nos moldes das Oficinas de Parentalidade.



