Formação de novos expositores fortalece a Oficina de Pais e Filhos no Ceará
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- 22-08-2025
Separar-se nunca é simples. Quando há filhos envolvidos, a ruptura conjugal pode trazer ainda mais desafios. Pensando em acolher famílias nesse momento delicado, o Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) realiza há dez anos a Oficina de Pais e Filhos, espaço de reflexão e diálogo que já transformou a vida de milhares de pessoas. Nesta semana, a Escola Superior da Magistratura do Ceará (Esmec) sediou a 5ª Oficina de Capacitação de Novos Expositores, formando mais voluntários para multiplicar essa experiência pelo Estado.
A juíza Jovina d’Avila Bordoni, coordenadora do Cejusc de Fortaleza, lembra que o entusiasmo em torno do projeto tem impulsionado sua expansão. “As pessoas se sensibilizam quando participam das oficinas de pais e filhos. Querem participar para poder divulgar, para ampliar. É tanto que nós estamos aqui com várias pessoas do Interior para que possamos cada dia mais levar essas oficinas, que é um projeto muito importante do CNJ, abraçado pelo TJCE. Ele propicia uma reflexão nesse momento de separação conjugal. Já são mais de dez anos ajudando muitas pessoas, principalmente na Capital e agora queremos fortalecer o setor da cidadania nos Centros Judiciários do Interior”, destacou a magistrada.
O curso de formação tem carga mínima de 15 horas-aula, podendo chegar a 25 horas quando inclui módulos voltados para crianças e adolescentes. Os participantes aprendem técnicas de comunicação, metodologias e conteúdos preparados pelo CNJ, sempre com a missão de minimizar os impactos da ruptura conjugal na vida dos filhos.
HISTÓRIAS DE TRANSFORMAÇÃO
Entre os inscritos, cada trajetória carrega um sentido profundo. A servidora Aurigélica Lima, do Cejusc de Maracanaú, encontrou na oficina um espaço de cura e, agora, de retribuição. “Conheci o Cejusc em 2024, quando participei da primeira oficina. Estava em processo de divórcio, com filho adolescente. A oficina foi muito presente na minha vida: ajudei pessoas e fui ajudada. Hoje realizo um sonho ao me capacitar como formadora. Quero ser essa ponte entre famílias, para que outras pessoas também encontrem apoio como eu encontrei.”
A experiência também tem marcado jovens em formação. Para Lucila Vitorino, estagiária de Psicologia do TJCE, a oficina é fundamental para compreender, na prática, a importância do encaminhamento. “Nos laudos psicológicos, muitas vezes sugerimos a participação na Oficina de Pais e Filhos. Estar aqui me permite entender de perto o que esse espaço proporciona. É um processo que visa o bem-estar das crianças e é essencial participar também dessa etapa.”
Já a estagiária voluntária Alice Silva, do Núcleo de Cidadania do Fórum Clóvis Beviláqua, destaca o aprendizado compartilhado. “Vejo a Oficina como um lugar de muita aprendizagem. Aprendemos junto com pais e filhos. Para minha formação profissional, é essencial. É um espaço que fala sobre divórcio, parentalidade e conjugalidade, temas fundamentais para entender as relações familiares.”
UM ESPAÇO DE ACOLHIMENTO CONTÍNUO
Realizada quinzenalmente, a Oficina atende, em média, 120 famílias por mês, com palestras, jogos educativos e dinâmicas de grupo. A iniciativa já envolveu até mesmo avós em situações de disputa de guarda, reforçando que todos os vínculos familiares importam.
Celebrando 10 anos de atuação, o projeto segue crescendo e além de Fortaleza já alcançou comarcas como Juazeiro do Norte, Sobral, Itaitinga, Maracanaú e São Benedito. Agora, com novos expositores formados, a expectativa é que mais famílias do Interior também tenham acesso a esse espaço de acolhimento.
Como lembram os organizadores, a Oficina é como um jardim cultivado com cuidado: cada encontro é uma semente lançada em terreno fértil, capaz de florescer em relações mais saudáveis, com menos conflitos e mais diálogo.



