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“É como se ela tivesse nascido de mim”

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01.07.2010 fortaleza
Gabriela Meneses – 01/07/2010 02:00
O coração continua cheio de vontade de ser mãe. ?Eu estou tentando ficar com esta criança porque ela veio para mim. É como se ela tivesse nascido de mim , diz, cheia de amor materno, a diarista, de 35 anos, anjo da guarda da menina que foi abandonada em um terreno baldio na Granja Portugal. Mesmo informada de que a chance de conseguir adotar a criança é pequena, ela prossegue tentando a aprovação da ?justiça do homem? para ter o direito de ser mãe da pequena.
Ontem, após idas ao Fórum Clóvis Beviláqua e à Defensoria Pública do Estado, a diarista conseguiu entrar com o pedido de guarda provisória na Justiça e iniciar o processo de inclusão no Cadastro de Adoção Nacional da comarca de Fortaleza. O cadastro é obrigatório, conforme a Nova Lei de Adoção, uma alteração do capítulo do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) que trata sobre adoção.
Segundo o defensor público Vicente Alfeu, coordenador dos defensores públicos das cinco varas da infância e da juventude, mesmo seguindo os trâmites legais, o caso é ?complicado?.
?As chances são poucas. Mesmo havendo todo o apelo sentimental, fica difícil o juiz dar prioridade a ela?. Isso porque, para adotar, além de obrigatoriamente estar cadastrado, é necessário respeitar uma fila de espera.
No caso da recém-nascida, a diarista não pretende entrar na fila de espera, mas adotar logo a criança e oferecer a ela os mais nobres sentimentos maternos. ?Não quero entrar na fila de espera. Eu estou fazendo o cadastro só por causa da criança que eu achei. Deus que colocou essa criança para eu cuidar. Ela ia morrer de frio?, afirma, protetora. Mãe de duas moças e avó de uma netinha, ela não consegue entender como a Justiça não pode aprovar o pedido dela. ?Não tenho problema nenhum para criar um filho?.
Fé até o fim
Por isso, com muita fé, a diarista ?vai até o fim? na tentativa de adotar a recém-nascida. ?Se Deus colocou ela pra mim, ela tem que ficar é comigo?. Hoje, como todos os últimos dias, será todo dedicado à pequena. Ela vai ao Fórum entregar os documentos que faltam para o cadastro. E depois visitará a bebê no Hospital Nossa Senhora da Conceição. ?Estou indo lá todos os dias. Só hoje (ontem) não fui porque tive que resolver essas coisas. Não posso deixar de ficar perto dela?. O POVO não publica o nome da diarista a pedido dela.
E-MAIS
Além da análise da documentação, o processo de cadastro conta com um curso que presta esclarecimentos sobre adoção. Como o caso da diarista é urgente, ela vai participar do curso que inicia no próximo dia 9.
A diarista encontrou o bebê, por volta das 4 horas da madrugada do último sábado, num terreno que fica atrás do quintal da casa dela, na Granja Portugal.
Depois que encontrou a recém-nascida, ligou para o Ronda do Quarteirão. Foram os policiais que levaram a criança até o hospital.
A diarista registrou Boletim de Ocorrência (B.O) no 12º Distrito Policial (DP). O caso será investigado pela Polícia. Segundo a diarista, nem ela, nem os vizinhos têm ideia de quem teria abandonado o bebê.
Na última terça-feira, ela foi ao Fórum obter informações sobre como adotar a menina e voltou desanimada. Foi informada que não terá prioridade na adoção. Por isso, decidiu recorrer à Defensoria Pública.