Conteúdo da Notícia

E agora, Cid?

Ouvir: E agora, Cid?

27.06.2009 Opinião pág.: 06
Dizem que a Justiça tarda, mas não falha. Nesse mesmo espaço, durante muitos anos, escrevi inúmeros artigos sobre a maneira desdenhosa como o Governo do Estado tratava os professores das universidades estaduais, sobretudo os da Uece. Ainda na primeira gestão de Tasso Jereissati, a lei que beneficiava os professores ? Piso Salarial ? foi sumariamente suspensa. Quem estivesse achando ruim que procurasse outro emprego ou fosse atrás de seus direitos, na Justiça.
E fomos! Passaram-se mais de vinte anos. Muitos morreram. Não tiveram o gosto da vitória. O processo, patrocinado pelo Sindicato, rodou e rodou. Idas e vindas. Paradas. Vistas. Indefinições. Embromações de todos os gêneros…
Mas, há sempre um dia em que a verdade prevalece. Primeiro foi o Supremo Tribunal Federal que julgou a causa procedente. Os professores tinham razão e direito ao Piso. Processo vai, processo volta. Muito tempo. Passou-se o primeiro mandato de Tasso, depois Ciro, depois Tasso – de novo e de novo! (Duas vezes!) Em seguida Lúcio Alcântara. E, o tal processo ajuntando folhas, voltando às instâncias ?X? e ?Y?.
Agora, finalmente, a coisa chegou ao limite. Não cabe mais recurso. Esgotou-se o caminho jurídico. Agora é cumprir. Nessa última tentativa a Justiça qualificou a manobra do Governo de uma forma pouco elogiosa. Eis o que diz o Acórdão, publicado no Diário da Justiça do Trabalho: ?Atente-se que a interposição do recurso pretendendo discutir matéria transitada em julgado é meramente protelatório e ofende a dignidade da Justiça, merecendo o agravante a pecha de litigante de má fé.?
A bomba agora está depositada no colo de Cid Gomes. Péssimo final de História para um Governo que se identifica como socialista e que alimenta projeto de reeleição.
ANTONIO MOURÃO CAVALCANTE Médico e antropólogo. Professor Universitário a_mourao@hotmail.com