O Projeto “Fábrica Escola – Teoria e Prática para a Vida”, que visa oferecer oportunidades de reinserção social a apenados e egressos do sistema carcerário, foi inaugurado oficialmente nessa quarta-feira (03/04). A solenidade ocorreu na sede do projeto, localizada na Avenida Dom Manuel, nº 738, no Centro da cidade, e contou com a presença de representantes das diversas instituições públicas e privadas envolvidas na iniciativa.

A juíza Luciana Teixeira de Souza, titular da 2ª Vara de Execução Penal e vice-presidente da Associação Cearense de Magistrados (ACM), é uma das idealizadoras do projeto. Ela explica que o objetivo é oferecer educação básica e profissionalizante, oportunidades de trabalho e incentivo ao empreendedorismo, além de assistência psicossocial e espiritual para egressos e familiares.

“Queremos trabalhar com a reconstrução dos valores, para que os reeducandos reconheçam os erros que cometeram e entendam as consequências dos seus atos. Só com essa conscientização, e com o apoio da família, pode haver verdadeira recuperação”, afirmou a magistrada.

O empresário Deusmar Queirós, um dos responsáveis pelo projeto, ressalta que a iniciativa privada precisa, cada vez mais, colaborar com o poder público na redução dos índices de violência, por meio de medidas preventivas. “Os egressos precisam de uma segunda chance e a iniciativa privada pode viabilizar essa oportunidade, evitando que continuem marginalizados e voltem a cometer crimes”, afirmou.

Ele espera que a iniciativa, inédita no Nordeste, possa atrair novos parceiros e servir de modelo para outros Estados do País. “Vamos dar o exemplo e divulgar para o Brasil inteiro, buscando incentivar os empresários a olharem para o problema”, disse.

Foram selecionados 30 apenados para participar da primeira fase do projeto, com duração prevista de 18 meses. Um deles é o apenado A.P.S., que já está trabalhando em uma célula de produção de materiais elétricos, instalada nas dependências da Fábrica Escola.

Ele comemora a oportunidade que recebeu. “Depois que a gente sai [da prisão], todo mundo fecha as portas pra nós. Agora, é uma janela que tá se abrindo e a gente precisa aproveitar”, disse. Ele afirma que sente orgulho de mostrar para familiares e amigos a mudança de vida. “Quando eu chego em casa, me perguntam onde eu estava e eu digo que estou vindo da fábrica. Isso me deixa muito feliz”.