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Rossana Kopf Nosso objetivo não é promover separações

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Direito & Justiça
No dia a dia de todas as famílias surgem problemas em que é preciso contornar a situação e buscar soluções racionais que satisfaçam a todos. É necessário um esforço comum para que não ocorra a desestruturação do lar, que pode gerar uma série de outros problemas.
A advogada e psicanalista Rossana Kopf afirma que o conflito familiar, antes de ser de direito, é essencialmente afetivo, psicológico e relacional, antecedido de sofrimento. Para ter uma solução eficaz é importante a observação dos aspectos emocionais e afetivos dos integrantes.
?O meio adequado para a solução desses conflitos deve passar, inicialmente, pela compreensão positiva dos problemas, visto que, nesses casos, é fundamental a manutenção dos vínculos, a possibilidade de diálogo e de escuta. É imprescindível o respeito mútuo, o que muitas vezes, teoricamente, seria impraticável?, ressalta.
A especialista reforça que as famílias de todas as classes sociais estão sujeitas a problemas de diversos tipos, inclusive, violência doméstica e uso de drogas. ?Nesses casos, é essencial o estímulo à solidariedade, à compreensão, à paciência de cada uma das partes no sentido de ganho mútuo, de vitória conjunta, com a clara percepção dos interesses em comum e não somente as diferenças?.
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E DROGAS
Rossana adverte que, no caso de agressões às mulheres, elas ocorrem em praticamente todos os países. ?Infelizmente não é só a mulher pobre e do Nordeste brasileiro que apanha. A violência ainda está presente na vida de muitas mulheres. O nosso objetivo é oferecer atendimento jurídico e psicossocial especializado para as mulheres das classes A e B que, por vergonha e medo, não denunciam nem buscam ajuda?.
A explicação para o receio dessas mulheres, segundo a psicanalista, está na educação recebida e na acomodação financeira e social. ?Fomos educadas dessa forma. Ruim com ele, pior sem ele. Existe, ainda, a vergonha da sociedade, o desejo de proteger os filhos, o medo do padrão de vida cair ou de prejudicar o marido, que pode ser uma pessoa conhecida profissional ou socialmente. Temos que pensar que ruim com ele, melhor sem ele. Não é só a violência física, tem a psicológica, que é a pior. A mulher deve procurar ajuda?.
Rossana Kopf declara que o principal é levantar a autoestima dessas mulheres e, antes de entrar com o processo judicial, são feitas tentativas para resolver o problema. ?Nosso objetivo não é promover separações. É importante a manutenção de uma relação harmoniosa, se há necessidade de discussão profunda do problema em busca de sua melhor administração, se há necessidade de reconciliação e restauração entre as partes, possivelmente a mediação seria o meio mais adequado?.
Outro grave problema que tem prejudicado as famílias é o crack. O vazio na vida do jovem deve ser preenchido e os cuidados redobrados para combater ?essa peste que diariamente destrói lares de todas as classes sociais?, lamenta a psicanalista.
Ela elogiou a Lei Maria da Penha, a atuação do Juizado da Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, da Delegacia de Defesa da Mulher e dos grupos que ajudam os familiares e os usuários de entorpecentes a se recuperarem dos prejuízos causados pelas drogas.
?No entanto, é preciso que os serviços sejam mais efetivos. As clínicas de recuperação custam caro, as gratuitas ainda são poucas, os processos precisam caminhar com mais celeridade e, para piorar esse quadro, muitas mulheres retiram a queixa na hora da medida protetiva ser aplicada para proteger o marido, o agressor?, argumenta.
A psicanalista frisou que é responsabilidade de todos a difusão de uma cultura da paz social e familiar. A mediação dos conflitos traz aspectos positivos e pode gerar benefícios imediatos para a sociedade.
ATENDIMENTO PSICOSSOCIAL
Quando uma pessoa busca atendimento especializado, na maioria dos casos, já chega à sessão de mediação para resolver a querela familiar com um ponto de vista formado. ?O mediador familiar deve proporcionar a desconstrução desses discursos, fazendo com que os parentes consigam restabelecer a comunicação. Nesse processo, é preciso permanecer atento, buscando compreender a realidade daquele núcleo familiar?, defende Rossana.
SERVIÇOS
DDM ? DELEGACIA DE DEFESA DA MULHER ? FORTALEZA
Endereço: rua Manuelito Moreira, 12 ? Centro
Telefones: 3101.2495/2496
CAPS ? CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL
A Prefeitura de Fortaleza oferece atendimento aos usuários de drogas através dos CAPS ? AD (álcool e outras drogas) e dos CAPS ? Infantil. São duas unidades em cada
Regional para os adultos. As Regionais 3 e 4 possuem unidades para os usuários de drogas com até 14 anos de idade. O Centro da Regional 3 atende também as Regionais 1 e 5. A unidade da Regional 4 disponibiliza serviços para as Regionais 2 e 6.
Telefone da coordenação dos CAPS: 3452.6941/ 3433.7146.
EXTERIOR
As mulheres que se encontram na Europa ou na China e que sofrerem alguma ameaça ou exploração podem buscar ajuda acessando o site (www.brightandright.com). Uma equipe de especialistas presta todo o atendimento necessário para resolver o caso. Esse serviço é particular.
ESCRITÓRIO ESPECIALIZADO ? CEARÁ
O Escritório Socorro Feitosa Advogados presta atendimento psicossocial (particular) para solucionar conflitos familiares.
Endereço: av. Santos Dumont, esquina com av. Rui Barbosa ? 7o andar. Telefone: 3264-2706
GRUPO NAR-ANON
O Nar-Anon ajuda a família e amigos de dependentes de drogas a se recuperarem emocionalmente dos prejuízos causados e compreender o problema da dependência química como uma doença e a possível contribuição dela como provocadora e facilitadora.
Endereços: Em Fortaleza, o Grupo atende nos bairros Luciano Cavalcante, Mucuripe, Bairro de Fátima, Cidade 2000 e São Gerardo. Tem ainda núcleo em Sobral, região norte do Ceará.