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PMs recebem curso para atender às vítimas

Ouvir: PMs recebem curso para atender às vítimas

04.08.2010 polícia
THIAGO GASPAR
A violência doméstica tem aumentado cada vez mais na Capital. De acordo com o Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher da comarca de Fortaleza, são registrados, por mês, cerca de 450 a 500 casos. Nos últimos dois anos somam-se mais de sete mil ocorrências de violência doméstica e familiar. Apesar dos altos índices de violência registrados, acredita-se, ainda, que o número de mulheres vitimadas pode ser ainda maior, já que nem todos os casos são registrados, por medo ou vergonha das vítimas.
Mas não é só por este motivo que as mulheres se calam. Algumas vezes, a maneira como o policial aborda a situação nem sempre é adequada, causando constrangimento à pessoa que já está fragilizada pela violência sofrida.
A promotora do Juizado de Defesa da Mulher, Valeska do Vale, já recebeu denúncias de mulheres que denunciaram a violência para a Polícia e nada foi feito. “Chamam a Polícia e eles não fazem nada. Dizem que é briga de marido e mulher. Neste sentido o crime de violência doméstica é muito mais grave do que se imagina”, afirma a promotora.
Querendo reverter este quadro, representantes da Polícia Militar, Ministério Público e do próprio Juizado se reuniram, na manhã de ontem, para discutir sobre o curso para a capacitação de policiais militares para atender às solicitações de maneira adequada. “O que acontece, algumas vezes, é o fato de o policial desconhecer a lei. Precisamos conscientizar o policial de que, numa violência doméstica, o agressor é alguém que tem um laço efetivo com a vítima, ou seja, trata-se de um crime delicado e que merece cuidado especial”, analisa a promotora.
A juíza Rosa Mendonça afirma que desde 2007 há uma preocupação do Juizado com a abordagem que os policiais fazem no caso de violência contra a mulher. Entre os assuntos do curso estão a abordagem, o procedimento e noções de Direito Penal. “É fundamental que o PM, na ponta do atendimento, conheça a lei. Afinal, este é um crime diferenciado”.