Conteúdo da Notícia

Pedida prisão preventiva de PM que matou universitária

Ouvir: Pedida prisão preventiva de PM que matou universitária

15.04.2009 Fortaleza Pág.: 03
O inquérito que indicia por homicídio doloso o cabo da Polícia Militar Francisco Carlos Barbosa Ribeiro, responsável pelo disparo que matou universitária próximo ao Campus da Uece, foi concluído. Se condenado, ele pode pegar de 12 a 30 anos de prisão
Flávio Pinto da Redação
A delegada Eliane Barbosa, do 5º Distrito Policial (Parangaba), solicitou à Justiça o pedido de prisão preventiva do cabo da Polícia Militar Francisco Carlos Barbosa Ribeiro, 50. O militar, indiciado por homicídio doloso (quando se tem a intenção de matar) no inquérito policial sobre a morte da universitária Nádia do Nascimento, 22, baleada há mês em frente a uma parada de ônibus, próximo à Universidade Estadual do Ceará (Uece), pode pegar de 12 a 30 anos de prisão. Um dia depois de ser baleada, Nádia, que era aluna do curso de História na Uece, morreu no Instituto Doutor José Frota (IJF-Centro).
O cabo Carlos Ribeiro é réu confesso da morte da universitária e a delegada Eliane Barbosa só esperava pela conclusão de alguns laudos para pedir a prisão. O inquérito foi protocolado no setor de expediente do Fórum Clóvis Beviláqua e ainda hoje será encaminhado para distribuição de uma das cinco Varas do Júri da Capital.
Dos três laudos solicitados pela delegada do 5º DP para o Instituto de Criminalística (IC), a perícia concluiu e entregou dois durante os 30 dias que duraram as investigações policiais. ?Está faltando apenas o exame de comparação balística do projétil retirado do corpo da vítima com a arma apreendida com o cabo. Mas esse detalhe torna-se indiferente para minha decisão porque o militar confessou o crime?, explicou a delegada Eliane Barbosa.
Nos laudos apresentados, o exame realizado na topique onde estava o militar comprovou que a janela teria sido mesmo atingida por uma pedra, conforme o depoimento do policial no 5º DP. Já o exame cadavérico atestou que o disparo partiu de dentro da topique, onde o militar estava, e atingiu a nuca de Nádia Nascimento, com a bala alojando-se na sua testa.
Depoimento
Um dia após a morte da universitária, o cabo Carlos Ribeiro foi identificado e indiciado no inquérito policial ao prestar depoimento no 5º DP. Em seu depoimento, o militar disse que havia largado o serviço e seguia para casa na van. O militar relatou ainda que, ao chegar em frente à praça da Cruz Grande (próximo ao campus do Itaperi), torcedores com camisas do Ceará passaram a apedrejar a topique, que transportava torcedores do Fortaleza. Uma das pedras quebrou o vidro da janela. Os estilhaços teriam lhes atingido. ?Foram disparos para afugentar os agressores, mas infelizmente atingiu uma inocente?, disse na época o cabo.
Atualmente, segundo o comando da 1º Companhia do 5º BPM (Aldeota), Carlos Ribeiro entrou de licença. Agora, ele vai aguardar pronunciamento da Justiça sobre o pedido de prisão preventiva feito pela delegada.
Entenda o caso
15 de abril
O cabo da Polícia MilitarFrancisco Carlos Barbosa Ribeiro, ao sair do trabalho, na Aldeota, apanhou uma topique para ir para casa, no Canindezinho. Na van, estavam torcedores do Fortaleza que estiveram no Castelão, no jogo contra o Paraná. No caminho, ao passar pela praça da Cruz Grande, no Itaperi, a topique foi apedrejada por um grupo de torcedores. O PM reagiu disparando de dentro da van em direção aos torcedores. Disparo acabou acertando a cabeça de Nádia Nascimento, que estava na parada de ônibus.
16 de abril
Através de um BO prestado no 5º DP, pela cabo Carlos Ribeiro, a delegada Eliane Barbosa o identificou como sendo o autor do disparo contra a estudante.
No mesmo dia, Nadia Ribeiro morreu no IJF.
17 de abril
O cabo Carlos Ribeiro presta depoimento no 5º DP e assume ter atirado para dispersar os torcedores. A delegada decide indiciar o militar por homicídio doloso. No mesmo dia, a PM anuncia ter identificado um oficial e dois policiais como responsáveis em ajudar o cabo Carlos Ribeiro a se livrar do flagrante. Os nomes, no entanto, não foram revelados.
23 de abril
Para concluir o inquérito policial, a delegada espera pelos laudos periciais.
14 de maio
A delegada Eliane Barbosa envia o inquérito policial para Justiça indiciado o militar e solicita a prisão preventiva .