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Metrofor: operários começam a sair

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04.08.2009 Fortaleza Pág.: 05
Bruno Balacó da Redação
Após um mês de férias, João Francisco da Silva saiu de casa esperançoso. Com a notícia de que a Justiça Estadual tinha restaurado a liminar que determina a retomada das obras do Metrofor, onde ele trabalha, João achava que tudo voltaria ao normal nesta segunda-feira. Quando chegou, ontem pela manhã, no canteiro central das obras, reencontrou dezenas de colegas, que também aguardavam novidades. Porém, um funcionário do setor de recursos humanos do consórcio responsável pela obra, avisou que ainda não havia previsão para reinício das atividades.
A informação deixou João diante de um dilema: aguardar, em casa, um possível retorno das obras nos dias seguintes ou pedir demissão e ficar livre para procurar trabalho em outro local.
Sem pensar duas vezes, ele escolheu a segunda opção. ?Decidi preencher o pedido de demissão, pois tenho fé que as obras não voltam tão cedo. Sou casado e preciso sustentar minha família. Assim que eu receber a confirmação vou atrás de outro emprego?, explicou João.
Da mesma forma, um grupo maior de operários decidiu, ontem, tomar o mesmo rumo que João e pedir desligamento total do consórcio. A expectativa, segundo o presidente do sindicato que representa os cerca de 800 operários que trabalham na obra, Raimundo Nonato Gomes, é de que se as obras do metrô permaneceram paradas esse movimento ganhe adesão maciça. ?Só hoje (ontem), uns 150 trabalhadores já pediram demissão. Até o fim da semana eu creio que todos já terão feito a mesma coisa, se não houver o reinício das obras?, estima Raimundo.
Outros empregos
Ele disse também que o sindicato já está se articulando para empregar esses trabalhadores em outras atividades. ?Provavelmente, uma parte deles vai para as obras do Complexo Portuário do Pecém. Além disso, estamos negociando outros empreendimentos para empregar esse pessoal?, comenta.
O consórcio construtor do metrô se manifestou, por meio de sua assessoria de imprensa, que compreende a decisão dos operários e que irá pagar os direitos trabalhistas e cumprir todos os compromissos firmados em audiência realizada no início de julho na sede do Ministério Público do Trabalho (MPT), em Fortaleza.
Nesse encontro ficou decidido que os vínculos trabalhistas dos operários do metrô seriam mantidos por um período de 90 dias, sendo os 30 primeiros de férias coletivas -já cumpridos -, os 30 seguintes com a suspensão dos contratos individuais (em que os trabalhadores teriam direito a receber um terço do salário e uma cesta básica) e 30 dias de aviso prévio trabalhado.
A assessoria do consórcio informou ainda que, até o início da noite de ontem, as construtoras não tinham sido notificadas sobre a determinação da Justiça Estadual.