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Funerária é acusada de reter seguro Dpvat

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03.09.2010 Cidade
Liliane Lopes de Sousa, de 32 anos, foi atropelada por um veículo durante perseguição policial
ALEX COSTA
Serviço funerário e acompanhamento jurídico para facilitar processo foram oferecidos à família
A funerária Opção pode ter ficado com a indenização do seguro de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre (Dpvat) da família da diarista Maria Sueli Lopes de Sousa. De acordo com as informações passadas pela diarista em denúncia, ela disse que foi procurada pela proprietária da funerária, localizada em frente ao Instituto Dr. José Frota (IJF), Eliane de Almeida Barros, para assinar um documento que autoriza a empresa a receber todo o dinheiro do seguro em nome da titular, que é a própria Maria Sueli Lopes de Sousa.
A empresária também, segundo a diarista, ofereceu a ela serviço funerário, além de ter explicado como funciona a indenização paga pelo seguro e ainda se oferecido para fazer o acompanhamento jurídico do processo para facilitar a liberação do dinheiro. “Acabei me sentindo pressionada a assinar”, disse. A diarista afirmou que foi procurada por Eliane no IJF, onde estava internada a neta dela, Maria Vitória Lopes de Sousa, que foi atropelada junto com a mãe, Liliane Lopes de Sousa, e o pai, José Vilemar da Silva. Os dois eram pedintes.
Acidente
O acidente aconteceu no quilômetro três da BR-222, no dia 24 de agosto. Liliane, de 32 anos, acabou morrendo após ter sido atropelada por um veículo onde estavam dois homens armados. Eles fugiam de uma perseguição policial, depois de terem cometido um assalto contra uma residência. Maria Vitória Lopes de Sousa, de cinco meses, e o pai, de 32 anos, que estavam com a mãe, sobreviveram.
Ainda segundo Sueli, a funerária cobrou R$ 1.200 pelo caixão de Liliane e todas as despesas somaram R$ 6 mil. Com isso, a diarista só receberia R$ 7.500 da indenização, já que o valor total é R$ 13.500. Ela disse que achou estranho o fato de a funcionária dizer que iria registrar, no seguro, duas crianças, filhas de Liliane, no nome do pai dos outros dois filhos dela.
Além disso, o registro de óbito de Liliane ainda não foi fornecido. Outro fato estranho é que os documentos dos quatro filhos da vítima continuam na funerária Opção.
No entanto, a versão da funerária é diferente. Eliane Barros assegurou que não procurou a família de Maria Sueli, mas sim, foi procurada. A funcionária mostrou a ficha de Liliane, assinada pelo irmão, Paulo Roberto Deusdete, e as despesas do funeral. O documento mostra que o caixão teria saído por R$ 600 e, junto com os outros custos, como flores, coroa e transporte, o orçamento geral ficou em R$ 1.200. A empresária admitiu que procurou o ex-companheiro de Liliane e pai de dois dos quatro filhos dela. De acordo com Eliane, o acordo foi fechado com ele.
Acompanhamento jurídico
A empresária reconheceu que ofereceu acompanhamento jurídico ao ex-companheiro de Liliane, que custaria 20% do valor do seguro, ou seja, R$ 2.700. Ela explicou que é por isso que os documentos dos filhos da vítima continuam na funerária.
A família de Maria Sueli Lopes de Sousa até agora não recebeu o benefício do Dpvat. A diarista afirmou que o prazo de repasse do dinheiro já venceu.
Caso a fraude seja confirmada, não será a primeira vez que beneficiários do seguro obrigatório de Dpvat caem em ações de fraudadores que apostam na desinformação. Pessoas ligadas a hospitais particulares de Fortaleza estariam tirando pacientes do IJF e se apropriando do que as vítimas têm direito. O caso está na fase de investigação.
Indenização
O QUE É DPVAT?
É um seguro que indeniza vítimas de acidentes causados por veículos que têm motor próprio (automotores) e circulam por terra ou por asfalto (via terrestre). O seguro Dpvat é obrigatório porque foi criado por lei. Os valores são: R$ 13.500 por vítima, para o caso de indenização, e R$ 2.700 por vítima, por reembolso de despesas
Quando é possível?
As situações indenizadas são morte ou invalidez permanente de motoristas, passageiros ou pedestres provocada por veículos automotores, em atropelamentos, colisões e outros tipos de acidentes. Os herdeiros ou a própria vítima são os beneficiários. É possível pedir o reembolso de despesas com atendimento médico-hospitalar
Como proceder?
É preciso juntar a documentação necessária e levar ao ponto de atendimento mais próximo. É gratuito e não exige contratação de intermediários
LINA MOSCOSO
REPÓRTER