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Escutas evitaram morte ordenada por iraniano

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Fortaleza 19.08.2010
A lista de gente marcada para morrer a mando do iraniano Farhad Marvizi, 46, que chegou a ter 11 casos relacionados, não estaria encerrada, segundo a Polícia Federal. Através de interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça, a PF teve acesso a outros nomes ?encomendados?. Uma das vítimas seria morta a tiros na próxima semana, nas proximidades de uma conhecida casa de shows na área nobre da cidade. Com a aglomeração do público, o crime deveria ser ?disfarçado? como latrocínio.
Ontem, Farhad e o sargento da Polícia Militar Jean Charles da Silva Libório, presos em Fortaleza no último dia 12, acusado de ser o articulador das execuções encomendadas pelo iraniano, foram transferidos da sede da PF, no Bairro de Fátima, para a Penitenciária Federal de Segurança Máxima de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. Os dois embarcaram num avião fretado no fim da tarde, numa operação mantida sob sigilo.
O temor de mantê-los em Fortaleza, segundo O POVO apurou, era exatamente de que as ordens de matança continuassem ? mesmo com os acusados já presos. A pessoa a ser morta na casa de shows escapou porque os federais identificaram a ordem na quebra de sigilo telefônico e decidiram antecipar as prisões. Farhad e Libório foram detidos na Operação Canal Vermelho, junto com outros oito acusados. A PF já teria a lista de outros executores e envolvidos no grupo. Um deles, identificado como Joaquim Alves Marinho, também policial e que está foragido, teve a fotografia divulgada ontem para que a população ajude a localizá-lo.
Na quarta-feira, mais dois policiais militares, que ainda não tiveram os nomes divulgados, foram presos. Eles foram identificados também a partir das gravações telefônicas. As detenções ocorreram no mesmo horário em que o iraniano prestava novo depoimento na sede da Polícia Federal. O POVO apurou que o interrogatório durou quase dez horas.
Farhad mora há mais de 15 anos em Fortaleza, é casado com uma brasileira, tem filho também brasileiro e era proprietário de três lojas em shoppings da Capital. A PF o apontou como chefe de um esquema de contrabando de produtos eletroeletrônicos. Segundo as investigações divulgadas, teriam morrido quem entrou no caminho do grupo, quem era concorrente e os que sabiam demais e ameaçavam os planos criminosos.
Entre as mortes relacionadas pela investigação da Polícia Federal, atribuídas à ordem do iraniano, estão a do empresário de telefonia móvel Francisco Francélio Holanda Filho, 44. Ele foi assassinado dentro de seu carro, na rua Padre Valdevino, no dia 8 de julho último. O casal Carlo José Medeiros Magalhães, 41, e Maria Elisabete Almeida Bezerra, 35, foi executado dentro de casa, no bairro Conjunto Esperança, no dia 2 de agosto passado.
O comerciante Francisco Cícero Gonçalves de Sousa, 38, teria sido morto pelo grupo dentro de sua pizzaria, na Vila Manoel Sátiro, 2 de junho de 2009. A PF disse que foi Cícero o homem orientado a matar o auditor da Receita Federal José de Jesus Ferreira, que chegou a ser baleado, mas escapou de um atentado, em 9 de dezembro de 2008. Foi a tentativa de homicídio que desencadeou as investigações.
E-MAIS
>O iraniano Farhad Marvizi tem acusações em pelo menos outros 12 processos judiciais. É citado por exploração sexual de adolescentes, contrabando, estelionato, uso de documento falso, descaminho, porte ilegal de arma de fogo e até furto.
>A acusação de explorar duas adolescentes sexualmente ocorreu em março d2 2009. Chegou a ser preso num apartamento no São Gerardo.
>Á época desta prisão, Farhad foi acusado de usar ?laranjas? para abrir firmas fictícias. Seria através dessas empresas que ele fazia a importação e se livrava de impostos. A investigação do esquema está em andamento, tanto pela PF como pela Receita.
>Na divulgação da operação Canal Vermelho, no último dia 12, a PF informou que o sargento da PM Jean Libório teria participado diretamente como executor do casal no bairro Conjunto Esperança.
> A Operação Canal Vermelho teve 21 mandados de prisão, sendo 10 de preventivas e 11 temporários, Cerca de 160 caixas de eletroeletrônicos foram apreendidos. A PF estimou o valor das mercadorias em R$ 5 milhões.
> Quem souber informações que possam ajudar a localizar o policial Joaquim Alves Marinho pode ligar para a Polícia Federal: (85) 3277 4867.
REPERCUSSÃO NA MÍDIA INTERNACIONAL
>O caso do iraniano Farhad Maryizi, de 46 anos, virou notícia também na imprensa internacional.
> Ontem, o jornal The Jerusalém Post noticiou que o estrangeiro havia sido preso no Brasil, acusado de mandar matar 11 pessoas. O jornal, que é de Israel e escrito em inglês, informa que Farhad teria mandado executar seus inimigos para se beneficiar do contrabando de material eletrônico vindo da Ásia.
> Segundo o periódico israelita, Farhad teria contratado um grupo de pistoleiros nos últimos dois anos.
> Outro jornal, o The Daily Caller, informa que a ?polícia no estado nordestino do Ceará? iniciou a investigação contra o iraniano em 2008. Quando seu grupo de matadores de aluguel teria tentado contra a vida de um fiscal da Receita Federal.
> O Daily Caller, dos Estados Unidos, escreve em seu site que Farhad ganhava dinheiro sujo com com a venda de computadores e outros produtos digitais. (DT/CR. Colaborou Alcides Freire)?