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Promotor denuncia 5 envolvidos em golpe

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26.02.2011 polícia
Francisco Marinho pediu a decretação da prisão preventiva de dois integrantes da quadrilha e afirma que as investigações podem ainda identificar outros envolvidos na fraude
De dentro de cadeias do Ceará, partiam as ligações para as vítimas, exigindo dinheiro para o resgate do benefício
Cinco pessoas – três homens e duas mulheres – foram denunciadas pelo Ministério Público de Aquiraz (Região Metropolitana de Fortaleza) acusadas de envolvimento no ´Golpe do Montepio´, que vinha sendo praticado há mais de um ano por uma quadrilha contra pessoas de todo o País.
A base da quadrilha era o Ceará, de onde partiam os telefonemas. “As vítimas eram preferencialmente senhoras idosas, viúvas, que já perderam seus companheiros há muito tempo”, contou o promotor de Justiça, Francisco de Assis Oliveira Marinho, da comarca de Aquiraz e autor da denúncia contra os acusados.
De acordo com Marinho, os membros da quadrilha telefonavam para as vítimas e diziam que estas teriam direito a um benefício (seguro) a receber do ente falecido, mas que para ter acesso ao dinheiro, teriam que depositar uma quantia como espécie de caução.
Golpe
“O valor desse ´caução´ era variável. Teve vítima que depositou quatro mil reais, mas teve gente que depositou quase dez mil. Para ´garantir´ que o seguro existia e seria pago, os bandidos depositavam às vezes um cheque roubado na conta da vítima, reforçando a ideia de que aquele dinheiro existia.
Quando a vítima ia ao banco fazer o saque do ´montepio´, acabava sendo informada de que o cheque depositado na sua conta corrente era roubado e que não ia ser compensado. Entretanto, a vítima já havia depositado a caução em favor da quadrilha”, explicou o representante do Ministério Público.
Marinho estava investigando o golpe há um ano. Ele disse que, no decorrer do processo, documentou casos de pessoas que foram lesadas pelo grupo em outros Estados. “Mas as ligações (telefônicas) sempre partiam dos dois mesmos números, do Ceará”, afirmou.
O promotor desencadeou um trabalho que chamou de ´Operação Bengala´, já que todas as vítimas eram pessoas de bastante idade. Há detalhes do caso que o promotor ainda espera esclarecer.
“Queremos descobrir, por exemplo, como o grupo chegava aos parentes mais próximos de pessoas falecidas, como essa informação de nomes e telefones chegava até a quadrilha”.
Foram denunciados: Edmilson Manoel de Lima, Luciano Ferreira Bessa, Luziantônio Albino Batista, Maria Rita de Sousa e Suelda Teixeira Lima da Silva.
“Estamos pedindo a (prisão) preventiva de duas dessas pessoas, uma delas já responde a outro processo por crime de estelionato, e a outra é a titular de uma das contas para onde a quadrilha mandava as vítimas depositar o dinheiro”, adiantou Marinho.
O promotor de Aquiraz revelou que uma das contas do grupo era de uma pessoa residente na cidade de Acopiara. “Nesta conta, uma das vítimas depositou R$ 5.470,00”, disse. Para ele, nem metade das vítimas procura a Polícia quando percebe que caiu num golpe. “Muita gente tem vergonha, mas a maioria tem medo é de represália”. Para Marinho, “é certo que há o envolvimento de presidiários que fazem ligações de dentro dos presídios e mantêm contato com os outros membros do bando aqui fora”.
Golpes
Assim como o caso do ´golpe do montepio´, outras falcatruas como o ´conto do bilhete premiado´ ou sequestros virtuais partem de dentro das unidades prisionais onde os detentos têm acesso a telefones celulares.
NATHÁLIA LOBO
REPÓRTER