17.12.2010 Fortaleza
Delegacias trabalham com a tese de que ela sofre de problemas psiquiátricos. Ministério Público apura o caso
A garota que deu entrada no Hospital Pediátrico Maria Alice Fernandes, zona norte de Natal (RN), na última segunda-feira, 13, após fugir de Fortaleza, pode sofrer de problemas psiquiátricos e ter enfiado nove agulhas no próprio corpo. Os objetos foram retirados na noite de quarta-feira, 15. Cinco estavam na parede abdominal e quatro na coxa direita. A paciente encontra-se em repouso num dos leitos da unidade. De lá, deve sair dentro de 24 horas.
Ela diz ter 13 anos e justifica a fuga afirmando ter sido forçada a participar de rituais de magia negra, além de ser explorada sexualmente. Tudo seria feito pelos pais adotivos, com quem se recusa voltar a morar.
A Delegacia da Criança e do Adolescente do Rio Grande do Norte (Dceca-RN) e a Delegacia de Defesa da Mulher do Ceará (DDM-CE), porém, estranham o fato de, um mês atrás, a garota ter procurado a DDM para registrar queixa similar a protocolada também por ela cerca de cinco anos atrás, na Dceca-CE.
Até agora, a verdadeira idade dela é um mistério. O documento apresentado em Natal, ela diz ser falso. O pais o teriam forjado para apresentá-la como maior aos ?clientes?.
Hoje, a arcada dentária da jovem será examinada para confirmar ou rechaçar os 13 anos. ?Exames feitos para ela entrar num abrigo daqui indicaram distúrbios psicológicos. Se for menor, tudo será acompanhado pela Dceca. Se for maior, o inquérito continua com a gente?, explica a delegada adjunta da DDM, Yamara Lavor Colares.
Segundo o titular da Dceca-RN, Luís Lucena, ela entrou em território potiguar num caminhão. Conseguiu carona até Mossoró pegou um ônibus para chegar em Natal. Um canhoto do bilhete comprova a compra da passagem. Como há chances de a garota tentar fugir, o hospital postou um guarda na porta do leito onde ela está. Uma assistente social e uma psicóloga também a acompanham. ?A gente não descarta nada?, afirma Lucena.
No Ceará, o caso é investigado pelo Ministério Público Estadual desde o último dia 9, onde a garota chegou acompanhada de um casal de pastores pedindo ajuda.
Após o resultado do exame na arcada dentária, o órgão dará o próximo passo. Se ficar constatada idade menor de 18 anos, o MPE pode pedir o rompimento do laço familiar (perda de guarda).
Com isso, a jovem seria encaminhada a um abrigo, ficando disponível para adoção. ?Nossa primeira preocupação é com a saúde. Mas quer seja ela uma adolescente ou uma adulta, o Ministério Público vai apurar a causa de tudo. Os responsáveis precisam ser identificados?, diz a promotora da 4ª Vara da Infância e da Adolescência, Fátima Valente.
E agora
ENTENDA A NOTÍCIA
Resultado do exame que confirma idade será crucial para o processo. Se for adolescente, o caso vai para Dceca. Do contrário, inquérito permanece na Delegacia da Mulher. Não há previsão de divulgação do laudo.
Bruno de Castro – brunobrito@opovo.com.br