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Informatização

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31.01.2011 opinião
Alguns tribunais, a exemplo do nosso informatizaram todos os seus serviços, gastando não somente tempo como muito dinheiro. A nova sistemática recebeu também o nome de virtualização ou de justiça virtual.
Não acreditamos que só a mudança da nomenclatura venha a contribuir para a celeridade dos serviços forenses. Até porque computador, por si só, não trabalha. E, se a mulher ou o homem não o acionar, jamais os orgãos judicantes irão sair do atoleiro em que se encontram. Mesmo assim, ainda precisam de passar por um treinamento feito por técnicos abalizados num determinado curso de tempo.
Além de tudo isso, o empreendimento realizado no nosso Tribunal de Justiça, pelo que consta, não foi feito.
O nosso Congresso já deveria ter saído do seu estado letárgico, e por meio de lei eficaz, houvesse disciplinado a informatização, a fim de que aventura de tal naipe não viesse realmente a ocorrer.
Por outro lado, tal mudança obriga o advogado a ter em casa ou no próprio escritório mais de um computador, e ainda mais, saber manejá-lo com maestria ou ter que pagar pelo menos a dois secretários para a execução do serviço.
Para nós, o serviço de informatização do Tribunal e do Fórum, para ser feito, deveria ter precedido de um planejamento com o exame dos prós e contras, a fim de que não viesse tal mudança pouco produzir, com muita despesa para o minguado erário do Estado.
Como prova de tudo isso, entramos com um pedido em um desses juízes virtuais da Justiça Federal, visando conseguir retomar da esposa, do marido, da nossa cliente, a metade de uma pensão, haja vista que estava divorciada há mais de dez anos, enquanto a nossa constituinte mantinha união estável com o seu ex-marido durante oito anos.
Tudo começou e ao mesmo tempo se complicou porque nem todo operador é capaz de fazer a transposição de toda documentação que acompanhava a petição inicial, bem como o seu próprio conteúdo. Ficamos, dia a dia, abrindo o computador e no final veio a decepção: arquivado sem qualquer menção ao motivo pelo qual havia sido posto fim ao pedido. Insistimos para que fosse dada a devida motivação do final inesperado do mencionado processo. Nada foi possível conhecer por falta de resposta às nossas perguntas. E, como computador, conforme já foi dito, não fala, não responde até mesmo porque não tem vida, o jeito mesmo foi nos conformarmos com a injustiça produzida pela própria informatização.
Edgar Carlos de Amorim – Escritor