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Idéias: Adeus às ilusões

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Opinião Pág. 02 12.12.2009
Novo desembargador: Wilton Machado Carneiro. Posse belíssima numa festa para compor oito vagas no Pleno do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará. Pausa nos 64 anos de sua vida. Acometido por um ataque cardíaco em sua residência, ele sai de cena. Morte prematura para tanta riqueza e benquerença de um magistrado probo por natureza. Adeus às ilusões. Acabou o sonho de um juiz de carreira. A forma como todos o tratavam, na intimidade do lar e dentre os companheiros de lida, dá a verdadeira dimensão do carinho espraiado pela sua bondade. Wilton Machado Carneiro, o Wiltinho, acautelava-se das intempéries processuais usando o magnetismo da sua brandura, energia e simpatia imorredouras. Profissional da competência, administrava seu trabalho através do lastro da serenidade e do bom senso. Austero nas suas decisões, sem perder o aprumo do equilíbrio. Inexcedível operador do direito dentro dos parâmetros da reta Justiça. Novo desembargador num despontar de esperança para a Alta Corte e jurisdicionados. Sai, silenciosamente, a convite do Pai. Companheiros atônitos nessa despedida de uma convivência marcante nos quadros funcionais da Justiça e fora dela. Wilton Carneiro, companheiro de concurso para ingresso na magistratura nos idos de 1971, dá a volta olímpica da decência ao sair de mansinho para os páramos celestiais. Trabalhador primoroso nas balizas de uma organização administrativa impecável. Juiz de Direito em todos os graus de sua militância, destacava-se pela discrição. Principiou suas atividades pela comarca de Boa Viagem e caminhou na primeira instância até o pouso demorado na 2ª Vara de Execuções Fiscais e Crimes Contra a Ordem Tributária, com passagem impoluta no Fórum Recursal. Foi auxiliar da Diretoria do Fórum e assomou à desembargadoria onde pousa o seu diploma de honradez e muitos méritos, passando para a história de um legado riquíssimo na Augusta Corte de onde seus dignos pares promoveram a condução do corpo físico à campa entre mil saudades. Liberto da roupagem física, ele caminha pela via da saudade imarcescível, deixando o seu sorriso cativante e perene entre nós.
PAULO EDUARDO MENDES – Jornalista