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Esperança de adotar o bebê

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Fortaleza 29.06.2010
A menina achada no último sábado, 26, por uma diarista está muito bem. A pequena já tirou a sonda, toma antibióticos e agora se alimenta de leite numa mamadeira para recém-nascidos. A mulher que a encontrou não perde a esperança de adotar a criança
No berçário de médio risco, uma menininha figura no meio de outros três bebês do sexo masculino e quase não dá trabalho. Os médicos percebem melhoras: ganhou peso, já está mais esperta. No Hospital e Maternidade Nossa Senhora da Conceição, no Conjunto Ceará, eles calculam ela tenha nascido há quatro dias. Está sendo bem cuidada. Ainda bem no comecinho na biografia, a garotinha teimou para viver. A criança, que foi encontrada por volta das 5 horas de sábado, 26, em um terreno baldio no bairro Granja Portugal, já tirou a sonda e agora se alimenta de leite numa mamadeira para recém-nascidos.
A mulher que a achou, uma diarista de 35 anos, não sossega. Enquanto tem sol, fica ao lado da pequena, que encontrou medido 51 cm e pesando 2,7 kg e ainda com o cordão umbilical. Era miúda, indefesa. ?Ela está ótima, já está se alimentando sem sonda, tomando o leitinho. Parece uma bezerra?. E ela obstina criar os laços que Deus não deu no nascimento. Denise Gonçalves, médica do setor neo-natal do hospital confirma: a situação da pequena é estável e garota só está numa incubadora porque não tem uma mãe que poderia acompanhá-la na enfermaria. ?Está tomando antibióticos. Em breve, devemos cessar. Os profissionais se sensibilizaram com a história?, comenta Denise.
?Só pode ter sido Ele que me mandou para achar a menina?, diz a diarista. Ela quer ajudar a atar os nós, porque a criança sente quando tem alguém ao lado. ?Ela tem que saber que tem uma pessoa próxima dela, que luta por ela?. A mulher é mãe de duas outras meninas, uma de 14 e outra de 18 anos. Também é avó de uma garotinha de menos de dois anos. ?Hoje eu não estava lá (quando a equipe do O POVO chegou ao hospital) porque fui ao Fórum Clóvis Beviláqua para ver como fazia para eu ficar com ela?, e ajunta: ?Mas agora já cheguei e só saio quando o pessoal daqui (do hospital) mandar?.
A diarista voltou desanimada do fórum. Deu uma viagem grande, do terminal do Conjunto Ceará até o bairro Edson Queiroz para saber que não terá prioridade na adoção da menina. ?Uma moça lá me explicou que eu não tô na fila de espera e fica muito complicado para mim. A minha situação é difícil porque eu não tô nem no cadastro de adoção e a minha chance é mínima?, lamenta. E a voz ganha força quando ela repete: ?Eu quero muito ficar com ela?.
O defensor público Vicente Alfeu, coordenador das cinco varas da infância e da juventude, não retira as esperanças. ?A princípio, pela nova lei de adoção, ela não teria prioridade?. Ele explica que a diarista entraria no cadastro e esperaria a sua vez. No entanto, a história muda de curso se ela conseguisse a guarda temporária da menina. ?É interessante que essa senhora entre com o pedido de guarda provisória. A situação ficaria outra. Ela passaria a ter a prioridade na guarda legal?. A diarista deve se encaminhar hoje à Defensoria Pública. ?Com a força do amor. Tudo fica possível?, confia.
EMAIS
A diarista pediu para não ser identificada. Foi a vizinha da diarista quem percebeu o choro. Ela acordou e foi chamar a amiga. A diarista ligou para o Ronda do Quarteirão. Foram os policiais que levaram a criança até o hospital. Ela registrou boletim de ocorrência (B.O) no 12º Distrito Policial (DP). A Polícia investigará o caso.