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“Courinha” é condenado a 15 anos por homicídio do próprio tio

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Geral p. 8
25/02/2010
Cinco horas de julgamento e um veredicto: José Enilson Couras, o ?Courinha?, apontado por mais de 100 assassinatos, foi julgado e condenado a 15 anos pela morte do próprio tio, Sival Correia Braga. ?Não sou pistoleiro nem bandido, sou comerciante?, declarou José Enilson Couras, o ?Courinha?, em depoimento durante o julgamento nO 2ª Tribunal do Júri do Fórum Clóvis Beviláqua, ocorrido ontem. Salvador dos Santos, também apontado pelo crime, foi condenado a 12 anos. Ambos foram apenados por homicídio qualificado, por motivo torpe e sem chance de defesa da vítima.
O júri foi presidido pelo juiz Henrique Jorge de Holanda Silveira, a acusação ficou a cargo da promotora do Ministério Público, Alice Iracema, enquanto a defesa foi realizada pelos defensores públicos Gelson de Azevedo Rosa e João Irton Veloso Frota.
Courinha negou, por várias vezes, ter matado Sival e contou sua versão sobre o que aconteceu em 3 de abril de 1996, quando Salvador estava em um veículo com a vítima e teria provocado um acidente . ?Eu não consigo lembrar tudo. Isso faz muito tempo?, respondeu o acusado. Ele afirmou que no momento em que ficou sabendo que houve o acidente com seu tio, Salvador chamou ajuda para que tentassem retirar o carro do fundo do açude, que estava submerso a 12 metros de profundidade.
?Por mais que os bombeiros da cidade tentassem, não conseguiram tirar o carro e corpo do meu tio de dentro do açude?, explicou o acusado de pistolagem ao ser questionado sobre o motivo pelo qual Sival tinha sido retirado do rio no dia seguinte ao acidente. Enilson Couras comentou que o caso foi considerado assassinato e não acidente pelo fato do delegado Agenor não gostar dele.
José Enilson afirmou que o seguro de vida criado para o tio meses antes era uma tradição de família. ?Sival que me pediu para que fizesse o dele, pois estava doente?, relatou. Negou ainda ter recebido R$ 300 mil referente ao seguro.
Já Salvador afirmou que não sabia da existência de um seguro de vida e ainda negou que o acidente fosse parte de um plano para matar Sival. ?Eu fui à fazenda Sabiá [que pertence ao réu] porque o coronel Viriato me pediu para chamar o Courinha para assinar um documento?, contou. Viriato Correia Lima é primo de José Enilson e também acusado de participar do assassinato de Sival, porém não foi julgado.
FAMÍLIA
A irmã da vítima e prima do acusado, Dejanice Correia Braga, declarou que tudo que Courinha falou no julgamento não foi verdadeiro. ?Nunca existiu essa tradição de fazer seguros na família. O irmão dele também fez de um parente nosso, que logo depois veio a falecer?, alegou. Dejanice Correia afirmou que depois do assassinato, os fatos começaram a se encaixar. ?Acreditamos que ele é sim culpado pela morte. Foi feita a reconstituição do crime e o carro estava com os freios ótimos. Nós acreditamos na justiça dos homens?, finalizou.
DEFESA
O defensor de José Couras, Gelson de Azevedo, tratou sobre as acusações de mais de 100 crimes de pistolagem sobre o seu cliente como mitos. ?Isso não é verdade. O único que ele tinha a pena foi anulada. Ele não tem como ter matado, pois era tio dele. Tudo isso se deu em função desse folclore, dessa lenda?, afirmou.
Durante o depoimento de Salvador, o acusado pareceu meio confuso com suas declarações. Porém, o defensor dativo João Irton assegurou que isso se deu devido às lesões sofridas na cabeça, na época do acidente. ?Tenho certeza que ele [Salvador] não cometeria um crime que comprometeria a própria vida?, defendeu.
ACUSAÇÃO
A promotora Alice Iracema, após o depoimento do acusado de pistolagem, se aproximou dos sete jurados e declarou que o acusado tem grandes talentos. ?Como vimos ele apresentou boa desenvoltura e uma boa aptidão até para ser político do nosso Brasil. Como o governador Arruda, do Distrito Federal, pois chorou quando foi preso, assim fez ele [Courinha]?, disse.