Conteúdo da Notícia

AMB realiza 2o Encontro Nacional de Jornalistas das Associações Filiadas à AMB

Ouvir: AMB realiza 2o Encontro Nacional de Jornalistas das Associações Filiadas à AMB

07.08.09
Realizado ontem (06/08), em Brasília, o 2o Encontro Nacional de Jornalistas das Associações Filiadas à Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), pontuou diversas questões sobre as especificidades da comunicação voltada para o Judiciário, tendo como destaque a necessidades de integração entre as Assessorias da área e a estratégia de comunicação adequada a uma situação de crise.
A abertura do evento contou com a palavra do vice-presidente da AMB, Cláudio Dell?Orto, e do presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Maurício Azedo, que falaram sobre a cobertura do Judiciário. Ao final da explanação, foi lida uma nota assAMB realiza 2o Encontro Nacional de Jornalistas das Associações Filiadas à AMBinada pela AMB e pela ABI cujo teor reafirmava os valores constitucionais e a necessidade do diploma para o exercício do jornalismo.
Posteriormente, o ex-secretário da Reforma do Judiciário, Sérgio Renault, divulgou o projeto do Prêmio Innovare e destacou a participação da Magistratura no Prêmio – em 2009, das 724 práticas inscritas, 200 são relativas ao trabalho de juizes e promotores.
Ainda pela manhã, o evento contou com a palestra do consultor e ex-assessor de Comunicação do Banco do Brasil, João José Forni. A palestra sobre comunicação e gestão de crise foi importantíssima por alertar o despreparo para se lidar com essas situações que, atualmente, têm se tornado cotidianas. ?Hoje, ao se ver as primeiras páginas dos jornais temos um espelho de diversas crises?, afirmou Forni ao destacar que o impacto de uma notícia negativa é quatro vezes maior que uma positiva. ?A maior parte das crises não chega de surpresa. Cerca de 64% delas dão sinal de sua existência antes do momento da crise propriamente dita?, explicou Forni ao alertar que é preciso aprender a gerir os riscos de uma atividade para evitar, depois, gerir uma crise. ?Uma vez que você já esteja numa situação de crise, então, a primeira preocupação deve ser com as pessoas?.
Em relação a atividade de comunicação, João José Forni foi taxativo ao lembrar que o assessor não é um ?limpador de currículos?, que ele não pode fazer ?milagres? durante uma situação de crise. ?Nesta hora, a comunicação tem que ser vista como uma ferramenta estratégica. Mas, diante da crise não dá para escamotear, deve-se ser transparente, direto e enfrentar o problema em vez de achar que pode adiá-lo . Dentro disso, a imprensa quer uma boa história, ela vai atrás da notícia, por isso ela tem um papel de mediadora entre a empresa ou instituição e a opinião pública. Agora, não é por isso que ela pode ser confundida com uma interlocutora. Se há alguma dúvida, você deve ser direto com a imprensa, mas não deve usá-la como meio para resolver suas pendências internas?, afirmou.
Para Ademar Mendes Bezerra, presidente da Associação Cearense dos Magistrados (ACM), o encontro foi uma oportunidade ímpar de se discutir a cobertura da imprensa e se discutir assuntos pertinentes ao Judiciário. ?O importante é que o evento abordou esta visão estratégica da comunicação. Isto porque dependemos muito dela para chegarmos à população, que é o nosso verdadeiro destino. Vale lembrar que o artigo 5o, inciso 35, da Constituição Federal estabelece, exatamente, o acesso à Justiça. Neste sentido, a comunicação é uma ferramenta importantíssima da qual dispomos para expandir nosso alcance junto à sociedade. Hoje a população sabe mais sobre seus direitos, exige mais e, nossa função, é nos fazermos conhecidos, estar mais ao alcance dessas pessoas?.
Durante o período da tarde, houve um painel sobre ?Como ?vender? uma pauta, abordando às especificidades das notícias ligadas ao Poder Judiciário. Um dos palestrantes, o jornalista e desembargador do Rio de Janeiro, Fernando Foch, foi enfático ao demonstrar que a magistratura precisa falar a mesma linguagem que a sociedade, que precisa se fazer ser entendida. ?Sem dúvida o Judiciário se colocou, por séculos, em uma posição de encastelamento, quase inatingível. Ele não era compreendido porque também não se comunicava. Esta mentalidade tem que acabar. O magistrado tem que falar à sociedade, e isto não só nos casos individuais que ele resolve. Ele tem que mostrar o que é o Judiciário, tem que mostrar às pessoas qual é o serviço que ele presta. É preciso demonstrar para as pessoas que nós somos prestadores de justiça individual, de tutela de direitos coletivos… Eu não posso entender um Tribunal que não se explique, que não atenda as pessoas, que não atenda um jornalista. Eu disse aqui que um ano depois da criação da Lei do Divorcio, quando eu atuava profissionalmente como jornalista, fui tentar fazer uma matéria sobre quantos casais tinham se separado e, simplesmente eu não consegui. Não consegui me fazer entender e o Tribunal também não tinha informação a dar. Ou seja, é um círculo vicioso que deve ser quebrado?, salienta.
Sobre a evolução nas assessorias de imprensa do Poder Judiciário e da própria cobertura do setor, Foch afirma que houve uma melhoria, mas que é preciso se criar no magistrado uma distinção do que é notícia: ?A medalha que alguém ganha, o edifício que foi inaugurado etc, nada disso é notícia. As pessoas não querem saber disso. Elas querem saber o que nós fazemos para mudar a vida delas. Neste sentido, estamos evoluindo. Porém, o meu sonho é que cheguemos a ponto de ter salas de imprensa nos Tribunais, em que os presidentes dos Tribunais tenham encontros rotineiros com os editores e repórteres. O Judiciário é público, não deve ter nada a esconder. A informação é boa para o jurisdicionado e para o prestador da justiça porque esse contato faz com que o magistrado conheça a vida das pessoas, a realidade das ruas, os anseios populares e, ele que deve ser o intérprete dessas vontades, terá condição de julgar com mais justiça e mais fidelidade um direito que é voltado para a dignidade da pessoa humana e para a justiça social. Os iluministas já diziam isso lá no século XVIII: o conhecimento é a chave da liberdade?, sentencia.
Após a fala de Foch, a gerente de Comunicação da In Press Porter Novelli, responsável pelo relacionamento com a mídia da AMB, Débora Diniz, falou sobre como foi construída a mudança de posicionamento da entidade junto à imprensa. ?Hoje a AMB consegue pautar cerca de 6 mil matérias, mais de 90% são positivas. Agora, isto foi fruto de uma gestão que valoriza a comunicação?, explicou ao colocar que mesmo com a estratégia de comunicação adequada sem o apoio político e administrativo por parte da diretoria não há como obter bons resultados.
Ao final, de tantas questões sobre estratégia de comunicação, foi abordado o plano de comunicação para a divulgação do XX Congresso Brasileiro de Magistrados, que acontecerá no final do ano em São Paulo.