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Lei transformou comportamentos

Ouvir: Lei transformou comportamentos

07.08.2009 Brasil
Yanna Guimarães da Redação
Desde que a lei Maria da Penha (11.340/06) foi criada, em 7 de agosto de 2006, muitas mulheres tiveram coragem de por um fim na violência dentro de casa. A prova disso é que as denúncias e os processos só crescem a cada mês. Na Delegacia da Mulher de Fortaleza, foram registrados 25.731 casos relatados e 7.130 medidas protetivas expedidas nos três anos de lei. Já no Juizado de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher, que funciona há um ano e meio, foram 8.561 processos, uma média de 14 por dia.
?As mulheres estão denunciando cada vez mais. E não são casos novos de violência. O episódio que motivou a denúncia, às vezes nem é o mais grave que ocorreu no relacionamento, é apenas a gota d?água?, afirma Rosa Mendonça, titular do Juizado de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher. ?É triste constatar isso, mas é um avanço. Se a questão era tratada como briga de marido e mulher que ninguém metia a colher, hoje a coisa já é questionada?, acrescenta.
Em muitos casos, a violência é impulsionada pelo uso do álcool e de drogas. Ontem, Laura, 52, chegou à Delegacia da Mulher para denunciar o filho de 23 anos. O vício começou há oito anos e se tornou insuportável quando ele experimentou crack. ?Ele já foi internado várias vezes. Completa o tratamento e passa um mês bom em casa. Depois, começa tudo de novo?. Na noite da última terça-feira, o jovem entrou em casa e empurrou a mãe, que ficou com o ombro machucado. ?Decidi por um fim nesse sofrimento. É muito difícil, ele é meu filho. Mas a gente já tentou de tudo. Não posso mais arriscar a família toda por causa dele?.
Foi assim também com Carmem, 39. O marido se transforma quando usa crack. ?Ele começava a querer me bater e a quebrar tudo em casa?. Ele descumpriu a ordem da medida protetiva e foi preso no último sábado. ?É muito difícil gostar de uma pessoa e ter que denunciar. Minha filha de oito anos pergunta por que eu mandei prender o pai dela. Mas eu não tive escolha?, conta. Na última quarta-feira, 5, Carmem foi ao Juizado para pedir a libertação do marido. ?Consegui uma vaga pra ele nunca clínica de reabilitação. Ele quer ir?. Nesses casos, de acordo com Rosa Mendonça, há uma facilitação para que o homem consiga realizar o tratamento.
Segundo a juíza, a desistência chega a 35% das denúncias. ?Muitas pensam, ruim com ele, pior sem ele. Temos que trabalhar tudo isso. É uma mudança de cultura?.