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Registros de assassinatos de adolescentes cresceram 28%

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27.12.2010 Polícia
Do dia 1º de janeiro até as 22 horas de ontem, 212 adolescentes haviam sido mortos na RMF. Em 2009, foram 165 casos
O ano de 2010 terminará daqui a quatro dias com números desanimadores no quadro da Segurança Pública no Estado do Ceará. Mas, um detalhe nas estatísticas chama a atenção das autoridades policiais.
A taxa de assassinatos de adolescentes na Grande Fortaleza (Capital e sua região metropolitana) cresceu cerca de 28 por cento em relação a 2009.
Do dia 1º de janeiro até as 22 horas de ontem (26), já contabilizados os homicídios registrados no feriadão de Natal, nada menos que 212 adolescentes – jovens na faixa etária entre 12 e 18 anos incompletos – foram mortos na RMF, a maioria eliminada por ordem de traficantes de drogas, em crimes motivados pela não quitação da dívida de drogas, especialmente, crack. Já no ano de 2009, foram 165 assassinatos.
Números
A estatística foi elaborada pela Editoria de Polícia do Diário do Nordeste com base no acompanhamento que o jornal faz de todos os homicídios dolosos registrados na Grande Fortaleza. Também, através deste monitoramento, foi possível montar o mapa da criminalidade, apontando os bairros e favelas onde ocorre a maior incidência de crimes contra a vida.
Até agora, o mês de novembro foi o que registrou, em 2010, o maior número de casos de adolescentes assassinados. Foram, nada menos, que 22 homicídios. Garotos foram executados por ordem do tráfico em bairros como Praia do Futuro, Vicente Pinzón, Bonsucesso, Parque São Vicente, Jangurussu, Itaperi, Parque Santa Cecília, Quintino Cunha, Pici, Siqueira e Messejana.
Somente no Vicente Pinzón, na Zona Leste da Capital, foram dois casos. O primeiro ocorreu no dia 2, por volta de 17h57, na Rua Trajano de Medeiros, quando o jovem David Silva dos Santos, 17, foi morto com vários disparos de pistola.
Apenas dez dias depois, foi a vez de Francisco Rafael Nogueira de Oliveira, 16, ser assassinado da mesma forma. O crime ocorreu na Rua dos Parlamentares. Aparentemente, os dois casos não têm ligação entre si, mas o pano de fundo das execuções é um só: o ´acerto de conta´ do tráfico.
Ainda em novembro, uma briga de gangues deixou dois adolescentes mortos na comunidade batizada de Conjunto Maria Tomásia, na Grande Messejana. Foi na noite do dia 5, quando José Adaílson de Oliveira dos Anjos e Wallace Ribeiro Saldanha, ambos de 16 anos, foram assassinados numa troca de tiros com uma gangue rival nas ruas daquele residencial.
Vítimas
Ainda no mês de novembro, também foram assassinados os seguintes adolescentes: Wanderson Freitas da Silva, 17 (na Granja Lisboa); Paulo Sérgio Silva Pereira, 15 (Messejana), Renato Cruz Mota, 17 (Siqueira); Fernando Weberte de Melo Ferreira Albuquerque, 15 (Itaperi); Rayanderson Sousa Mendonça, 17 (Maracanaú); Ana Carolina Lopes, 14 (Barroso); Francisco Gabriel Teixeira, 7 (Maracanaú); Francisco Rafael Matos, 17 (Caucaia); Lucas Pereira da Silva, 17 (Presidente Kennedy); Francisco Victor Pereira da Costa, 16 (Edson Queiroz); Erivelton Linhares Marques, 17 (Jurema); Francisco Moraes do Vale, 16 (Barroso); além de outros quatro garotos cujos corpos deram entrada no necrotério do S.V.O. sem identificação.
ENTORPECENTES
Tráfico de drogas motiva execuções
A disputa por território entre traficantes tem sido um dos fatores que mais alimentam as estatísticas de mortes violentas entre adolescentes na Grande Fortaleza. O acirramento destes confrontos tem trazido consequências nefastas para as famílias desses jovens.
Um exemplo recente deste tipo de violência aconteceu no bairro Nossa Senhora das Graças (Pirambu), onde um garoto, de apenas 16 anos, vinha aterrorizando os moradores. Era Leonardo Ferreira de Araújo, de apelido ´Cérebro´.
Tiros
Sempre armado, ele intimidava os demais traficantes que tentavam cruzar o seu caminho. Já tinha diversas passagens pela Polícia e, na noite de quinta-feira passada (23), havia baleado duas pessoas e prometido matar outras. O fim desta história era previsto e acabou acontecendo no começo da tarde de sexta-feira (24), quando ´Cérebro´ foi morto com, pelo menos, 17 tiros, segundo constataram peritos criminais. Uma autêntica execução sumária.
Assim como Leonardo, o ´Cérebro´, tantos outros adolescentes tiveram a vida abreviada pelo consumo de crack.
FERNANDO RIBEIRO
EDITOR DE POLÍCIA