05.10.10
É difícil para Francisco das Chagas de Oliveira, 37, relembrar o que aconteceu naquele 25 de julho. Mas, ontem, 3a.feira (05/10) ele precisou ir até o Fórum Clóvis Beviláqua e contar, em depoimento, detalhes sobre a morte de Bruce Cristian, seu filho de 14 anos baleado por um policial militar.
?Cada vez que eu conto o que aconteceu a cena volta. E aumenta o vazio que eu sinto. Aquela sensação de que ele não volta mais?, diz, após prestar depoimento.
Assim como fez na delegacia, Francisco afirmou que o tiro dado pelo soldado do Ronda do Quarteirão foi intencional e não acidental. No fim da tarde do dia 25, pai e filho voltavam para casa numa moto.
No cruzamento da avenida Desembargador Moreira com Padre Valdevino, Bruce foi atingido por um bala na nuca.
O tiro foi disparado pelo soldado Yuri da Silveira, numa abordagem considerada pela própria PM como desastrada. ?Meu filho foi assassinado de maneira covarde.
Recebeu um tiro pelas costas, sem motivo. O mínimo que a gente espera é que o policial pague pelo que fez?, comenta Francisco. Além dele, outras sete testemunhas de acusação prestaram depoimento ontem, na 5ª Vara do Júri. Foi a primeira audiência do processo que investiga a morte de Bruce.
Yuri da Silveira também havia sido intimado para comparecer à audiência, mas foi dispensado pelo juiz Raimundo Deusdeth Rodrigues Júnior a pedido dos advogados de defesa.
O interrogatório do réu foi agendado para o próximo dia 25 de outubro, quando serão ouvidas também as testemunhas de defesa.
O policial responde ao processo por homicídio duplamente qualificado, por motivo fútil e mediante recurso que tornou impossível a defesa do ofendido, além de lesão corporal, ambos com o agravante de abuso de poder.
Fonte: O Povo