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Júri julgará amanhã ex-agentes por tortura, seguida de assassinato, de traficante no recinto da PF

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21.10.09
Catorze anos depois de um crime de morte ocorrido no Ceará e que teve repercussão nacional, a Justiça deste Estado vai julgar, amanhã, os dois homens acusados do delito. O fato ocorreu nas dependências da Superintendência da Polícia Federal, em Fortaleza, quando o traficante de drogas José Ivanildo Sampaio de Sousa, então com 33 anos de idade, morreu depois de, supostamente, ter sido submetido a uma sessão de torturas por dois agentes que integravam a Delegacia de Repressão aos Entorpecentes (DRE).
Os dois policiais federais, identificados como agentes Carlos Eugênio Holanda Nogueira e Jundihay Moreira Guedes Filho, foram submetidos a uma investigação interna e acabaram sendo demitidos do serviço público federal. Desde a época do crime, o processo que trata do assassinato vinha sofrendo recursos, fato que retardou em 14 anos o julgamento dos réus.
O traficante José Ivanildo Sampaio de Sousa havia sido preso pela PF, no dia 24 de outubro de 1995, na Grande Fortaleza, acusado de participar de uma quadrilha interestadual que estava distribuindo drogas em Fortaleza e Sobral. Ao ser detido em flagrante, nas proximidades do Anel Viário, no Eusébio (Região Metropolitana), ele portava uma pequena quantidade de maconha, cocaína e haxixe. Ivanildo teria reagido à abordagem dos “federais” e foi colocado à força na viatura. Já na sede da PF, foi levado à presença do delegado Francisco Queiroz, e autuado em flagrante por tráfico de entorpecentes.
No interrogatório, o traficante acabou denunciando dois comparsas (Sebastião Mesquita de Sousa e Erlandi da Silva Ferreira), que acabaram também sendo detidos, em Sobral. No dia seguinte à prisão, Ivanildo foi encontrado morto no banheiro do xadrez.
O corpo do traficante foi levado para o Instituto Médico Legal (IML), onde foi submetido a exame de necropsia. O médico que realizou a necropsia, legista Fernando Diógenes, comprovou que a morte do preso deveu-se a graves lesões no fígado, baço e rim esquerdo, além de fratura de costelas, clavícula esquerda e outros espancamentos. Havia marcas de algemas nos pulsos.