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Desembargador Wilton Machado

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10.12.2009 Opinião
Aos 64 anos, o desembargador Wilton Machado Carneiro faleceu na quinta-feira passada, vítima de ataque cardíaco. O desembargador havia tomado posse no último dia 26 de novembro. Começou a prestar seus serviços para a Justiça aos 16 anos, como escrevente.
Da última vez que conversei com o meu saudoso amigo Wilton Machado foi no corredor do Tribunal de Justiça, numa roda integrada de lidadores do direito ,inclusive, na presença da minha filha, a advogada e professora universitária, Carolina. Esse nosso último encontro ocorreu, um dia antes, da sua posse, como desembargador.
Quando Wilton estava se aproximando desse grupo de amigos, o desembargador Luiz Gerardo Brígido, meu colega da UFC, que participava dessa roda, aumentou o volume de sua comedida voz, em tom fraternal, num ambiente bem descontraído, disse: – ?Wilton, agradeça ao dr. Rildson pelas considerações que ele fez sobre a sua pessoa no Jornal O Estado, quando, então, ele respondeu, com um sorriso aberto: – ?Estou sabendo, já falei com o dr. Rildson?.
De fato, o desembargador Brígido é leitor assíduo do Jornal O Estado, tanto isso procede, que toda vez que o vejo no TJCE ele faz comentários do meu último artigo, destacando que é meu leitor. Brígido chegou ao TJCE por força exclusiva da sua serenidade e dedicação ao seu nobre ofício de juiz,tanto que prestou serviços à Assessoria Jurídica da Presidência do Tribunal de Justiça do Ceará nas gestões dos desembargadores José Maria de Melo, Águeda Passos Rodrigues Martins e Francisco Haroldo Rodrigues de Albuquerque, respondendo a todas essas convocações com eficiente trabalho, sabe construir uma decisão, com densa fundamentação, focalizando, com claridade, o cerne da querela. Um grande juiz!
Pois bem, fazendo um traçado do perfil dos novos desembargadores, assinalei, sim, nesse disputado espaço do Jornal O Estado, que o saudoso Wiltinho – essa era a sua autonomásia, era assim chamado pelos seus ?milhões de amigos? – era elegante no trato com as partes e advogados, era um cidadão de postura elevada e humilde, não se tem notícia que tenha usado do seu nobre cargo de magistrado para perseguir um colega, um advogado, as partes da relação processual, enfim, qualquer pessoa humana e, mais do que isso, não era soberbo, não era vaidoso, não era dado a conversinhas, nem orgulhoso em função do seu honrado cargo de magistrado. De par, ao certo, com o nobre sentimento da sua colega, Fátima Loureiro, a sua missão, aqui nessa passagem, foi cumprida: servir a sua família, aos amigos, a magistratura e ao Brasil, com elegância e seriedade.
Rildson Martins – Professor Universitário